Primeiramente antes de esmiuçar o processo dialético que deu sentido ou origem ao título deste artigo, deixo registrado um importante evento no meio jornalistico paraense: o início de mais um trabalho (agora em caráter solo www.ritasoares.com.br) de uma das jornalistas que mais admiro, a querida e competente Rita Soares. A referida, talvez, entre diversos profissionais da área, seja a que goza de maior prestigio e reconhecimento quando a pauta é jornalismo político, ofício que faz com maestria.
Pois bem, como era de se esperar, ainda mais pelo perfil de Soares, a inauguração de seu site, não poderia faltar entrevista com uma personalidade da política paraense. O escolhido foi o ex-senador Mário Couto. Rita faz a chamada da entrevista – por sua competência – da forma mais impositiva possível: “Ninguém gosta do Jatene, nem o Megale”. A referência da chamada diz respeito ao governador Simão Jatene e seu, agora, ex-assessor mais direto, José Megale, ex-chefe da Casa Civil.
Tive acesso a entrevista. Rita que tem perfil mais descontraído, ou seja, não amarra o referido processo dialético só em pauta previamente preparada. Desenvolve perguntas e réplicas em cima das respostas do entrevistado (essa dinâmica só funciona se o entrevistado falar abertamente, sem rodeios sobre o que é perguntado ou questionado). Foi nesse formato que Rita conseguiu arrancar boas e polêmicas colocações de Couto.
O que pode parecer uma postura reacionária, revanchista do ex-senador, se for analisada de forma criteriosa, com elementos históricos, se constatará que é confirmado na prática com diversos exemplos dentro do tabuleiro político.
Couto foi só mais um que sucumbiu ao modus operandi de Simão Jatene. Exemplos não faltam: Almir Gabriel, Helenilson Pontes, Zequinha Marinho, Zenaldo Coutinho, Manoel Pioneiro e José Megale, só para citar os casos mais representativos. Todos ouviram promessas de Simão que nunca se concretizaram.
Em 2006, ao final do processo eleitoral, quando Almir Gabriel perdeu a eleição para Ana Júlia, se retirando para um exilio forçado em Bertioga, interior de São Paulo, avisou que Jatene não era um homem de partido e que seus interesses pessoais e políticos sempre estariam acima de qualquer possibilidade coletiva. A afirmação de Gabriel foi se confirmando aos poucos, a cada processo eleitoral.
Só que o preciosismo de Jatene perdeu o rumo, postura que auto-sabotou o próprio governador que provou do “próprio veneno”, em 2018. Todas as estratégicas de Simão (com os interesses particulares à frente) foram anuladas pela decisão do vice-governador Zequinha Marinho de não aderir ao projeto “jatenista” e suas promessas que sempre são levadas pelo vento. O tabuleiro político-eleitoral, em 2018, terá, pela primeira vez, desde 1994, a ausência de um candidato tucano ao governo do Pará. Decisão e estratégia unilateral de Simão.
A “bola da vez” agora é o atual presidente da Assembleia Legislativa (Alepa), Márcio Miranda (DEM). O presidente do Legislativo está sendo e continuará a ser o personagem principal de todas as ações vindas do Palácio dos Despachos; o procedimento praxe de mantê-lo em evidência e melhorar a sua imagem, mesmo sendo o representante de uma gestão impopular.
Por outro lado, fomentado por sua atual situação de coadjuvante, Jatene mantém o seu preferido status quo: sem muitas obrigações, sem a correria de agenda de governo; segue cantando, dançando e pescando. Jatene começa a colher os resultados de suas ações personalistas, que o levam gradativamente ao isolamento político, até dentro do próprio partido.