Segundo dados divulgados pela Serasa Experian, houve um crescimento de aproximadamente 150% nas solicitações durante o terceiro trimestre em comparação ao mesmo período do ano anterior, atingindo um patamar recorde.
A situação atual é resultado de uma combinação de fatores adversos para o setor. Nos últimos anos, o produtor rural enfrentou uma queda significativa no preço da soja no mercado internacional, enquanto os custos de produção aumentaram consideravelmente, especialmente em relação a insumos como defensivos e fertilizantes.
A isso soma-se o aumento da taxa Selic, que saiu de 2% para 15% atualmente, pressionando ainda mais as margens do produtor rural que precisa se financiar.
De acordo com Frederico Poleto, head de ciência de dados agro da Serasa Experian, esse cenário tem provocado uma reação cautelosa por parte das instituições financeiras.
“O mercado, por conta de estar em patamares altos, está sendo um pouco mais cauteloso com a concessão de crédito, está sendo um pouco mais criterioso com a parte de como fazer as aprovações, os limites de corte, a exigência de garantias”, explicou Poleto.
Distribuição geográfica e por culturas
Segundo a Serasa, as recuperações judiciais seguem os padrões históricos em termos de distribuição geográfica, com maior concentração no Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país. Estados como Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Sul lideram os pedidos.
Quanto às culturas mais afetadas, a soja aparece em primeiro lugar, seguida pela criação de bovinos. Este cenário reflete a vulnerabilidade desses segmentos às oscilações de preços e custos no mercado internacional, segundo a empresa.
Alternativas para o produtor rural
Diante das dificuldades de acesso ao crédito tradicional, especialistas apontam algumas alternativas para os produtores. O seguro rural surge como uma opção para minimizar riscos, embora sua adesão ainda seja heterogênea no país, com maior concentração na região Sul.
Outra alternativa que tem ganhado espaço é o sistema de barter, operação na qual o produtor aloca parte de sua produção futura para financiar a compra de insumos agrícolas, reduzindo assim a necessidade de tomada de crédito bancário.
Além disso, mecanismos como financiamentos via revendas de insumos, tradings e Fiagros (Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais) também têm sido utilizados como formas alternativas de captação de recursos.
Com informações de CNN Brasil
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