Sem Covas, ninho tucano ficará ainda mais fragmentado

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Morreu ontem, 16, aos 41 anos, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas. Considerado a grande aposta para renovação do PSDB paulista, ele lutava havia três anos contra um câncer no aparelho digestivo que se espalhou para os ossos. Bruno era neto de Mário Covas, fundador e um dos mais expressivos quadros do partido – e que também morreu de câncer, há 20 anos. Ele estava afastado da prefeitura desde o dia 2, e na sexta-feira os médicos declaram que seu quadro era irreversível. Em seu lugar assume o vice Ricardo Nunes (MDB), um político de perfil mais conservador, mas que angariou fama de “sério” e “ponderado” em dois mandatos na Câmara de Vereadores.

Na questão partidária, a partida precoce de Bruno Covas é vista como um fator que deverá acelerar e aprofundar a divisão interna do PSDB paulista. No curto prazo, a ausência de jovem neto de Mário Covas deve agravar esse eterno ‘fratricídio’ tucano, que tem como horizonte próximo a disputa pelo governo do Estado em 2022. No longo, representa uma opção eleitoral a menos: Bruno encarnava a renovação do PSDB, após décadas de alternância no poder dos grupos de José Serra e Geraldo Alckmin, e era contraponto natural à força de João Dória.

A questão é que o atual governador paulista ainda não sabe o próprio futuro. Se lançará como candidato tucano ao Palácio do Planalto, em uma campanha que promete ser muito polarizada entre Bolsonaro e Lula; ou um caminho mais seguro: disputar à reeleição ao Palácio dos Bandeirantes. Se Dória se lançar como candidato à Presidência da República, deverá travar uma disputa interna com o seu correligionário Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, pela indicação.

Sabe-se também que o ex-governador Geraldo Alckmin afirma que deixará o PSDB, para concorrer ao governo de São Paulo por outra legenda; ou ainda ser candidato à vice-presidente em uma chapa competitiva. Neste caso, surge a possibilidade do ex-governador coligar com o PT, com a sua filiação ao PSB.

Fato é que o hoje a relação de Alckmin e Dória é a pior possível. Ambos não se falam. O ex-governador lançou o então empresário como candidato a prefeito de São Paulo, não aceitou a manobra de Dória em concorrer ao Palácio dos Bandeirantes, dois anos após ter se tornado mandatário da capital paulista.

Bruno Covas tinha a postura de mediar esses conflitos. Sem a sua presença, o PSDB paulista deverá acelerar o seu processo de desintegração, o que ocasionará desfiliações de nomes importantes do partido, acarretando o enfraquecimento ainda maior da legenda. Como se diz: “o último que sair que apague a luz”.

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