Setor mineral registrou queda de 30% do faturamento no 3° trimestre de 2022

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O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) divulgou na última quinta-feira (20), os números da indústria mineral do terceiro trimestre de 2022 (3T22). Os resultados do trimestre são, no geral, superiores aos do segundo trimestre (2T22), mas abaixo dos registrados no terceiro trimestre do ano passado (3T21).

Segundo o Ibram, na comparação entre o 3T22 e o 3T21, houve declínio no faturamento, de R$ 108,7 bilhões para R$ 75,8 bilhões, queda de 30,26%. Já na comparação com o trimestre anterior (2T22), quando o faturamento foi de R$ 57 bilhões, houve uma elevação de 33%. Nesse período de comparação, o destaque fica para as quedas nos preços das commodities – principalmente do minério de ferro, líder em produção e exportação.

A produção mineral brasileira cresceu 3% em toneladas no 3T22, na comparação com o 3T21, passando de 355 milhões para 365 milhões de toneladas. Este valor é uma estimativa do Ibram, em razão de a Agência Nacional de Mineração (ANM) ainda não ter divulgado os dados oficiais do trimestre.

Segundo o diretor-presidente do Ibram, Raul Jungmann, o desempenho do setor no 3T22 representa uma evolução em relação ao 2º trimestre, porém, sinaliza que o fechamento do ano será aquém dos resultados de 2021. “É um setor historicamente cíclico, sazonal, que sofre influências de diversas fontes. Ainda assim, mantém posição fundamental para a prosperidade econômica do Brasil, ao proporcionar oportunidades de emprego e arrecadação de tributos e encargos de forma expressiva”. Segundo a entidade, foram arrecadados R$ 26,1 bilhões em tributos e encargos no 3T22.

“A redução da produção e da demanda de aço na China é um dos fatores que influencia o preço do minério de ferro e, consequentemente, o desempenho da mineração brasileira em termos de produção e exportação”, destacou o Ibram.

De acordo com a entidade, as restrições à produção industrial na China em razão da Covid-19, fenômenos climáticos, como tufões e chuvas intensas, também influenciam o mercado e a produção de aço naquele país, principal consumidor de minério de ferro brasileiro – entre outros minérios. As consequências do conflito na Ucrânia também estão prejudicando os mercados, acrescenta o Ibram, com reduções na oferta de minério e crise de energia reduzindo a produção de aço na Europa.

Faturamento
Em termos de faturamento, o minério de ferro representou, no 3T22, 64% do total da indústria da mineração. O faturamento desse minério no trimestre foi de R$ 48,2 bilhões, uma queda de 43% em relação aos R$ 85,1 bilhões no 3T21. Na comparação com o 2T22, o faturamento cresceu 35%. Destaque para o preço médio do minério de ferro, que caiu 37,3% no 3T22 em relação ao 3T21.

O faturamento relacionado ao ouro foi de R$ 6,2 bilhões no 3T22, queda de 4% em relação aos R$ 6,4 bilhões no 3T21. Na comparação com o 2T22, o faturamento cresceu 20%. O ouro representou 8% do faturamento do setor no trimestre. O preço médio do ouro apresentou queda de 3,5%, na comparação com o 3T21.

O faturamento do cobre foi de R$ 4 bilhões no 3T22, queda de 13% em relação aos R$ 4,6 bilhões no 3T21 e crescimento de 39% em relação ao 2T22. O cobre respondeu por 5% do faturamento total. O preço médio do cobre também apresentou queda de 19,3% no 3T22, na comparação com o 3T21. Comparando os faturamentos de outros minerais entre o 3T22 e 3T21, o calcário dolomítico subiu 35% (R$ 3,2 bilhões), bauxita 51% (R$ 1,8 bilhão) e granito 46% (R$ 1,5 bilhão).

Estados
Minas Gerais e Pará apresentaram queda no faturamento, justificada pelas reduções de preços das commodities metálicas, já Goiás apresentou crescimento. Minas registrou faturamento de R$ 29,73 bilhões no 3T22, ante R$ 47,81 bilhões no 3T21, redução de 38%; o PA registrou R$ 29,65 bilhões no 3T22, queda de 37% em relação aos R$ 47,24 bilhões no 3T21. Os dois estados responderam, cada um, por 39% da produção mineral nacional no trimestre.

Goiás registrou crescimento de 30% no faturamento do setor, passando de R$ 2,2 bilhões no 3T21 para R$ 2,86 bilhões no 3T22. O estado respondeu por 4% da produção mineral nacional. Na comparação entre o 3T22 e o 2T22, Goiás apresentou crescimento de 74% no faturamento.

Segundo o Ibram, o aumento no faturamento do estado pode ser atribuído ao aumento no faturamento do calcário dolomítico e fosfato, pois o estado é um dos maiores produtores destas substâncias. Goiás também é importante produtor de níquel, nióbio, ouro e cobre.

A Bahia registrou faturamento de R$ 2,55 bilhões, queda de 3% em relação aos R$ 2,64 bilhões no 3T21. O estado respondeu por 3% da produção nacional no 3T22. Na comparação entre o 3T22 e o 2T22, a Bahia apresentou queda de 14% no faturamento.

São Paulo registrou faturamento de R$ 2,17 bilhões, aumento de 20% na comparação com o 3T21, principalmente em relação à produção de agregados para a construção civil e granito. O estado também é importante produtor de água mineral e fosfato. Em relação ao 2T22, o aumento no faturamento foi de 44%.

Mato Grosso registrou aumento de 25% no faturamento no 3T22 (R$ 2,1 bilhões), na comparação com o 3T21. Segundo o Ibram, muito em razão da produção de ouro e calcário dolomítico. Em relação ao 2T22, o crescimento foi de 16%. São Paulo e Mato Grosso respondem, cada um, por 3% da produção mineral brasileira.

Investimentos no Brasil
Raul Jungmann também destaca que no período 2022-2026, a indústria da mineração irá investir US$ 40 bilhões no Brasil, sendo cerca de US$ 4 bilhões em investimentos socioambientais. “É um imenso volume de capital, que poderia ser muito maior, se o Brasil contasse com instrumentos de financiamento da atividade mineral, como mantém para outros setores igualmente importantes, como o agronegócio”, afirma.

Em termos de empregos, de janeiro a agosto deste ano, o setor criou mais 5,6 mil vagas, totalizando 203,8 mil vagas diretas, segundo dados oficiais (Novo CAGED). De janeiro de 2021 a agosto de 2022 foram 18.313 vagas criadas.

Com informações de Revista da Mineração (adaptado pelo Blog do Branco).

imagem: reprodução da Internet. 

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