Simão Jatene sem saída

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O governador Simão Jatene de um apagado assessor político, depois secretário de governo, tornou-se o maior agente político do Pará. O único a ter a oportunidade de ter sido governador três vezes. Só não estaria em um quarto mandato porque em 2006, o ex-governador Almir Gabriel não permitiu que Simão disputasse à reeleição. A briga dentro do ninho tucano ocasionou a perda do governo e a ruptura da dinastia tucana por quatro anos.

Simão Jatene retornou ao Palácio dos Despachos em 2011, após vencer a então petista Ana Júlia na eleição do ano anterior. Em 2014, durante meses deixou todos à espera, na expectativa, pois, Jatene não definia se seria ou não candidato, se disputaria à reeleição (dispositivo que sempre condenou publicamente). Montou a sua estratégia de deixar o tabuleiro político indefinido. Alimentou a possibilidade do seu vice, Helenilson Pontes (PSD) assumir o governo em abril daquele ano eleitoral e disputar à reeleição no lugar de Jatene.

Dentro da sua estratégia de embaralhar o jogo, até a sua frágil saúde entrou como ingrediente. Os médicos que cuidavam do seu estado clínico em 2013, não recomendavam que Simão disputasse outra eleição. O seu estado cardiológico inspirava cuidados. Ainda no referido ano, Pontes assumiu o governo temporariamente quando Jatene se afastou.

No final, Simão não deixou o cargo e disputou à reeleição, deixando Helenilson Pontes “a ver navios”. O vice sem apoio e sem ser o candidato do governo a outro cargo (nem como compensação, Jatene fez esse agrado) se lançou ao Senado. Ficou em quarto lugar.

Na última eleição ao governo do Pará, Simão segurou ao máximo a decisão, indo até o prazo limite dado pela Justiça Eleitoral. Para a atual disputa o governador manteve o mesmo modus operandi: tornar público a estratégia no prazo mais esticado possível, montando  estratégia que o beneficie primeiro, depois os outros, ou o partido. Conforme anunciado pelo blog em mais de uma dezena de textos, tudo isso só aconteceria se o vice-governador Zequinha Marinho aceitasse o acordo.

Assim como Jatene não definia o seu futuro, Marinho também deixava no ar a sua decisão. Anteontem ela veio, e da pior forma possível ao governador. Zequinha não renunciará, obrigando Simão a permanecer também no governo. Com isso, a estratégia principal, ou o plano A do governador, se perdeu. Ele não pode ser candidato e nem promover com a máquina do Estado o seu escolhido: Márcio Miranda.

Jatene nunca foi conhecido por ser um agente político democrático. Evitar abrir espaços aos seus correligionários e procura tomar decisões que lhe favoreçam diretamente. Se isso não procede, basta perguntar a Helenilson Pontes, Manoel Pioneiro, Flexa Ribeiro, Mário Couto e Zenaldo Coutinho.

Mas, desta vez, desde 2006, não é Jatene que define ou dá a palavra final. Por isso, sem ter levado em consideração que a sua postura e decisão de isolar o seu vice durante todo o mandato lhe custaria o seu futuro político.

Mas nem tudo está perdido. Impedido de ser candidato pela decisão de Marinho, o governador deverá alterar algumas peças do tabuleiro. Deverá centrar a força da máquina estadual em favor dos seus mais diretos: filha e genro (pré-candidatos a deputados estadual e federal respectivamente). Levará em todas as ações de seu último ano de gestão o seu candidato, o deputado Márcio Miranda. A estratégia e transferir indiretamente as ações do governo para o presidente da Alepa. Miranda já havia avisado que só seria candidato ao governo se assumisse o comando do Estado e estivesse na cadeira. Com a permanência de Jatene, o presidente do poder legislativo estadual poderia desistir da estratégia? Voltaria a pensar no seu maior desejo: o Senado?

Se a “nova” estratégia de Simão der certo, pelo menos, a decisão de Zequinha terá menos impacto político negativo no grupo político do governador. E Jatene encerrará a sua carreira política?

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