Chega a incomodar acompanhar as aparições públicas do presidente Michel Temer. No mínimo constrange a sua presença visual. É nítido que parece ser um corpo estranho no local inserido, independente do lugar. Temer tornou-se uma unanimidade negativa no país. Poucos o defendem. Quem o faz, parece fazer com obrigatoriedade, pela manutenção do “status quo” ou com algum interesse pessoal. Fora isso, ele é renegado. Ficou marcado, gravou em sua biografia o termo “golpista”, sem ética e até sem caráter.
Sem ser especialista em comportamento humano, afirmo que Temer, transparece se incomodar com a própria situação que ele mesmo provocou para si. Dentre tantos exemplos de indiferença do público com o mandatário da política nacional, o velório em Chapecó, na Arena Condá, foi o ápice em território nacional de indiferença pública com Temer. Primeiro porque o presidente havia divulgado que não iria ao estádio. Esperaria os familiares das vítimas no aeroporto da cidade. Depois que tal mensagem foi bombardeada por críticas e a negativa dos familiares em irem ao aeroporto, Temer, mais uma vez, só para variar, mudou de posição. Não houve anuncio prévio da estada do staff presidencial no velório, Temer chegou em cima da hora e de forma discreta, mantendo o formato de como vem se apresentando publicamente.
Seu nome foi anunciado de forma rápida e ele não se pronunciou. Só não foi vaiado pela atmosfera de comoção e respeito aos mortos. Quem não lembra do esquema montado em julho, na abertura das Olimpíadas no Rio de Janeiro, em que o presidente não foi anunciado e em frações de segundos decretou o início dos jogos, mesmo assim, recebeu ensurdecedor volume de vaias, abafada por muitos veículos de comunicação. Na cerimônia de encerramento, Michel passou longe da capital fluminense. Mandou ministros para representá-lo.
No plano internacional outros fiascos aconteceram recentemente. Logo que assumiu a Presidência da República, Temer já tinha que cumprir agenda presidencial em outros países. Em setembro, na China, o 11º encontro do G20, claramente o presidente brasileiro foi colocado de lado por outros presidentes. O Brasil deixou de ser protagonista no referido bloco para ser coadjuvante.
Em outro encontro, agora dos Brics, na Índia, novamente, Temer, voltou a ficar em segundo plano, consequentemente o nosso país, também. A comitiva brasileira ficou de fora dos principais acordos, deliberações entre os membros do bloco. O Brasil perde espaço na geopolítica mundial. Diversos países enxergam aqui uma convulsão política. Algumas nações nem reconhecem o atual governo. Em um mundo altamente globalizado, essa situação é péssima para as relações internacionais do Brasil.
E assim, dessa forma, Michel conduz o país. Prefere ambientes fechados, palacianos, do que públicos, eventos abertos. Por um momento, como um sopro, imaginou ao assumir o poder que seria o salvador, o maestro que recolocaria o país de volta aos “trilhos” da economia e do desenvolvimento. Depois de pouco mais de seis meses nada mudou, melhorou. O país caminha para grave recessão e não demonstra sinais que poderá gradativamente retomar o crescimento econômico no ano que vem.
Temer sem apoio popular, ainda com a cobertura positiva da mídia, haja vista, que ainda não se sabe qual rumo a política tomará nos próximos meses. Conforme escrevi, Michel sabe que seu governo começa a ruir aos poucos. Sua sustentação política no Congresso é efêmera e volátil. Temer se tornou um corpo estranho em Brasília, na política nacional e em seu próprio governo.