A avaliação do presidente Jair Bolsonaro subiu, chegou a 37% dos brasileiros que o consideram ótimo ou bom e, de acordo com o Datafolha, está em seu melhor ponto desde o início do mandato. No levantamento anterior, realizado entre 23 e 24 de junho, 32% dos brasileiros o aprovavam. Caiu ainda mais sua curva de reprovação — de 44% para 34%. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Mauro Paulino e Alessandro Janoni, do Datafolha: “A maior taxa de aprovação desde sua posse acontece logo depois de o Brasil ultrapassar a marca de 100 mil mortes registradas pela Covid-19 e continuar na segunda colocação do ranking mundial do número absoluto de óbitos em razão da doença. São justamente os que têm maior vulnerabilidade que mais contribuem para o ganho de popularidade do presidente no último mês. Dos cinco pontos de crescimento da taxa de avaliação positiva, pelo menos três vêm dos trabalhadores informais ou desempregados que têm renda familiar de até três salários mínimos, grupo alvo do auxílio emergencial pago pelo governo desde abril e que tem sua última parcela programada para saque em setembro. O dado pode explicar em parte a melhora de seis pontos na popularidade do presidente no Nordeste, uma das regiões do país onde a população mais pediu e recebeu o benefício”.
Inegavelmente, o auxílio emergencial caiu como uma luva para o presidente. Através dele o seu governo avançou sobre camadas sociais até então dominadas pela Esquerda, em especial pelo PT. Exatamente nesta questão que se desenrolará a disputa presidencial, em 2022. Aliado a isso, ocorreu também o abrandamento do tom autoritário, com adequações na comunicação, combinado à flexibilização da quarentena provocou um refluxo de tendência à reprovação em segmentos estratégicos, como os mais escolarizados, com maior renda e moradores do Sudeste. “Nesses estratos, a popularidade do presidente subiu entre cinco e seis pontos percentuais, depois de quedas contínuas desde o início da pandemia”, segundo levantamento do DataFolha.
Dito isto, o que se percebe é que, paulatinamente, o presidente Jair Bolsonaro vai se fortalecendo politicamente. Criou uma grande base, via Centrão, mesmo não sendo confiável e estável, mas que a priori garante o escudo necessário ao Palácio do Planalto contra qualquer processo de impeachment. O governo trocou de pele, ou seja, mudou a linha, o objetivo e aproveitou a pandemia para avançar sobre novos nichos sociais. Deixou de lado o formato liberal para ser mais social. O efeito está sendo positivo.
A questão é que Bolsonaro avança sobre camadas sociais que antes estavam alinhadas ao lulismo. Exemplo claro é o Nordeste, região que Bolsonaro perdeu em todos os estados, mas que atualmente as pesquisas o colocam em crescimento de popularidade. A mais nova pesquisa DataFolha, por exemplo, mostra o presidente em seu melhor momento desde o início de seu mandato. Está mais do que claro que, caso não haja mudança de estratégia e união dentro do campo político progressista, Jair Bolsonaro reúne grandes chances de ser reeleger. Bolsonaro já está em campanha. Seus adversários que lutem.