Vitória de Milei coloca a Argentina a caminho de revolução institucional. Qual será o custo desse giro?

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Em um das mais disputadas eleições presidenciais das últimas décadas, a Argentina terá como o seu novo presidente, o economista ultraliberal Javier Milei venceu a eleição presidencial na Argentina neste domingo (19). Candidato de oposição, ele foi eleito com 55,95% dos votos na disputa contra o governista peronista Sergio Massa (44,04%). Sua chegada ao posto mais alto do país foi, claramente, impulsionada pela pior crise econômica em décadas, com a maior inflação em mais de 30 anos, empurrando dois quintos da população para a pobreza, além de forte desvalorização cambial. Desafios agravados por uma dívida externa bilionária e pela falta de reservas internacionais.

Esse é o cenário do governo Alberto Fernandez deixará de legado. inclusive, o ainda presidente nem concorreu à reeleição e não quis participar da eleição. Aliado a isso, a narrativa construída e muito bem propagada nas redes por Milei (processo muito semelhante ao que aconteceu no Brasil nos últimos anos e que levou à Presidência o candidato Jair Bolsonaro).

Economista de formação, Milei se promove como um nome de fora da política tradicional que diz querer combater o que chama de “casta”, que seria para ele um agrupamento de políticos corruptos apoiados por uma elite. Antes de se aproximar da política, ele atuou no setor privado, trabalhando em banco e em uma empresa que administrava aposentadorias e pensões. Também chegou a atuar como economista-chefe da Fundação Acordar, ligada ao peronista e ex-candidato à Presidência Daniel Scioli. Professor universitário, Milei só se tornou mais conhecido do público argentino ao passar a ser convidado para falar em programas de rádio e, especialmente, TV.

Segundo matéria postada pelo Portal G1, em 2021, Milei venceu a sua primeira eleição, tornando-se deputado federal. Conseguiu uma das cadeiras da Câmara Federal produzindo uma narrativa do “contra tudo e contra todos”, que em meio a esse cenário descrito acima, caiu como uma “luva” em grande parte do eleitorado argentino.

Mesmo com a vitória, Milei poderá ter uma vida difícil com o parlamento. Seu partido, o A Liberdade Avança, cresceu muito, mas ainda é considerado de representação média na Câmara e no Senado. Sendo assim, caberá ao presidente eleito abrir canais de negociação com os congressistas, de maioria peronista.

Relações Internacionais 

Ficou claro o posicionamento do governo brasileiro na disputa presidencial da Argentina. O Palácio do Planalto esperava uma vitória de Sergio Massa. Após o fim da apuração, o Itamaraty emitiu nota dando os parabéns a Milei e reforçando o papel da democracia e das relações bilaterais entre os dois países. Javier caminhará para um isolamento diplomático ou promoverá reformas neoliberais, mas mantendo comércio ativo com outros países.

Propostas polêmicas

Entre as mais polêmicas estão: dolarização da economia, que pretende levar à substituição da moeda nacional peso pelo dólar. Outra medida prometida que carrega muita polêmica é a de “dinamitar” o Banco Central, acabando com a instituição responsável pela política monetária.

Javier Milei tomorá posse no próximo dia 10. Nos próximos dias montará o seu governo e veremos como os novos inquilinos da Casa Rosada se comportarão.

Imagem: InfoMoney. 

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