Em meio à crise de identidade, PSDB tenta se viabilizar politicamente ao Palácio do Planalto

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No último dia 09, o PSDB promoveu em Brasília a sua convenção nacional. O encontro tinha como principal função definir a nova presidência do partido e alinhar as ações e discursos em prol de um nome para disputar o Palácio do Planalto, em 2018. A convenção apenas formalizou o que já estava acertado previamente nos bastidores: o nome do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin para presidir a legenda pelos próximos dois anos e praticamente definir o seu nome como o candidato tucano na disputa presidencial.

O encontro serviu também de termômetro da temperatura dentro do ninho tucano, além de externar os “acasos” internos. O senador mineiro, Aécio Neves, por exemplo, foi expurgado de dentro do próprio partido, que até então presidia. Foi vaiado e não ficou no local por muito tempo. Neves não é aceito nem mesmo no reduto de seus pares, tornando-se um “zumbi” político que só consegue ressonância de suas falas na grande mídia.

Alckmin em seu discurso, já como presidente nacional do PSDB, promoveu diversos ataques ao PT e a Lula. A tática é assumir o papel de “anti-PT”, “anti-Lula”, espaço que vem sendo ocupado gradativamente por Jair Bolsonaro, que, mesmo com toda a sua incoerência, vem ganhando adeptos. Na disputa interna, Alckmin, mesmo não empolgando os próprios tucanos e sem perspectiva de crescimento nas atuais pesquisas que são divulgadas, é o melhor – e talvez – o único nome dentro do ninho tucano para a disputa ao Palácio do Planalto.

O governador de São Paulo, em sua primeira medida, já empossado na presidência nacional da legenda afirmou que o PSDB irá apoiar as reformas propostas pelo governo do presidente Michel Temer, fechando inclusive o voto da legenda na questão da reforma previdenciária. Geraldo foi além, prometeu retaliações aos tucanos que não cumprirem o acordo com o partido, além de ter endurecido com os setores peessedebistas que estavam ameaçando desembarque em massa da base governista.

Portanto, em termos práticos, o PSDB seguirá no apoio a Temer, se manterá no governo, continuará a controlar espaços políticos no plano federal para manter a influência política. Alckmin ainda tentará – o que será muito difícil – o apoio do PMDB à sua candidatura presidencial. Por isso, fez questão de manter o apoio. Caso não ocorra o apoio do PMDB a Alckmin, os tucanos deverão desembarcar do governo no fim de abril do próximo ano, já com a votação das reformas finalizada, portanto, tornando-se dispensáveis ao governo.

O PSDB vive um dilema político: se manter no governo e aguentar o desgaste político desta decisão. Temer a cada pesquisa vem caindo em sua popularidade. Já atingiu o recorde entre todos os presidentes que tiveram seus governos avaliados. Não há dúvida, que essa impopularidade respiga no PSDB. Não, por acaso, que Alckmin não consegue se posicionar de forma competitiva nas pesquisas. Além do PT e Lula (velhos adversários), o PSDB terá um grande desafio para a próxima eleição: Jair Bolsonaro. Antes disso, os tucanos precisam diminuir ou sanar a sua esquizofrenia e apresentar um plano nacional de desenvolvimento ao país. Este menos direitista e mais social, caso ainda queiram sonhar com o Palácio do Planalto. Essa é sim a missão mais difícil pela atual conjuntura.

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