Parauapebas e os clichês da disputa eleitoral

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Dentro dos manuais de marketing político, em campanha eleitoral, uma frase, um gingo, uma chamada pode alavancar ou derrubar determinadas candidaturas, dependendo da construção dessa ferramenta com a imagem do candidato, isso especificamente mais incisivo nas disputas majoritárias.

No caso de Parauapebas, cinco candidatos estão disputando uma prefeitura com um dos maiores orçamentos públicos do norte do Brasil: Valmir Mariano (PSD); Darci Lermen (PMDB); Marcelo Catalão (DEM); Chico das Cortinas (PPS) e Hipólito Reis (PRTB). Entre os três mais bem colocados, frases ou direcionamentos de seus respectivos perfil de campanha dão o tom.

O primeiro colocado nas pesquisas, o ex-prefeito Darci, adotou a questão da “oportunidade”. Seu marketing está direcionado a fazer o eleitor sentir saudade do passado, do seu governo, período de pujança econômica, quando aqui quase não havia a utilização da palavra desemprego. O objetivo é retomar ao áureo período gerando assim, oportunidades aos que aqui vivem. De quebra, por inércia, essa tática transfere toda a responsabilidade do atual difícil cenário a atual gestão municipal. Seria uma comparação ao inverso, diferente da propaganda habitual, que, os estrategistas palacianos fazem com as duas gestões Darci, quando era PT.

O segundo mais bem colocado nas pesquisas, segundo o instituto Doxa, está Marcelo Catalão, que usa a tática do “novo”, do “diferente”. A proposta é mostrar ao eleitor que há uma forma de fazer diferente, de mudar os rumos, sair da mesmice ou do atraso. Essas características segundo essa linha publicitária é jogar no colo da dupla Darci-Valmir o atraso e crise que a cidade vive. O Marketing associa aos 12 anos da dupla no Palácio do Morro dos Ventos e a mesmice na gestão pública. Neste contexto, levando em consideração que em Parauapebas há muito a cultura do “voto de protesto”, ou seja, a escolha direta (com característica de pouca mudança de opinião) a um em detrimento a quem está no poder e quer continuar. A história política-eleitoral da “capital do minério” confirma isso. Catalão e seus assessores mais próximos apostam no autofagismo  entre Darci e Valmir para crescer e quem sabe, vencer a disputa no dia 02 de outubro.

Ao grupo que cuida da campanha de reeleição do prefeito Valmir, comparar o que foi feito em pouco mais de três anos e meio com o passado, especialmente com as duas gestões petistas que o antecederam. Por isso, meses atrás iniciou forte trabalho publicitário em relação ao que o governo fez ou estava fazendo. A peça “Mais de 260 obras” ( que abordei aqui no blog no início do ano) foi o direcionamento inicial de como seria a plataforma de campanha governista. O objetivo é mostrar que o atual alcaide municipal fez mais em 1/3 do tempo que Darci teve e com menos recursos disponíveis do que o petista contava na época. De fato, muitas ações foram feitas. Isso é inegável. Muita infraestrutura foi entregue à cidade.

A questão está em reconstruir uma imagem pública abalada, desacreditada. Essa construção negativa ocorreu por alguns fatores, dentre os principais estão: diversos escândalos no governo e o emblema de ser impopular. Valmir não tem perfil político e muito menos carisma. Isso torna o processo de reestruturação de imagem mais difícil e o combate a rejeição muito trabalhoso, talvez, até irreversível.

Conforme venho afirmando há um bom  tempo, o dispositivo da reeleição no Brasil, de forma geral não foi bem assimilado  ou adaptado a cultura política do país. Historicamente, o segundo mandato de um gestor (independente da escala de governo) é pior no segundo mandato em relação aos primeiros quatro anos de gestão. Essa questão pode pesar negativamente ao atual prefeito.

Entre os clichês de campanha, vamos acompanhar até outubro quem sairá vitorioso: “A oportunidade”, “o novo” ou “o mesmo”? Façam as suas apostas.

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