A ditadura lulista

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Como dizem, parece que, neste caso, não há como divergir: Lula faz tudo pelo poder. Não, por acaso, ele se personificou como a única opção da esquerda e dentro do partido que fundou, não permitindo concorrência interna. O chamado lulismo tornou-se maior que o petismo; na última eleição presidencial, isso ficou mais do que claro.

Lula tirou da “cartola”, no início de 2010, a então chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que lhe suceder. O ex-presidente assumiu o risco, venceu – tendo como base a sua popularidade e boa avaliação de sua gestão, que transferiu votos a Rousseff – e depois perdeu. Dilma não conseguiu manter o mesmo nível e, claramente, não tinha habilidade política para lidar com um Congresso altamente fisiologista. Lula geralmente acerta em suas escolhas, muitas destas que geram polêmicas. Foi assim quando decidiu a aliar a partidos de centro, a agentes políticos que representam a “velha política”, algo que o PT sempre combateu.

Por ordem unilateral de seu presidente de honra, o PT deixou de apoiar aliados históricos para agradar “aliados” mais distantes e temporários, mantendo assim acordos. Seguiu a mesma postura quando, novamente unilateralmente, “esticou a corda” ao máximo (tema tratado por este Blog em diversos artigos à época), mantendo a candidatura à Presidência da República, mesmo sabendo que não poderia concorrer. Atrasou, portanto, o lançamento do nome de Fernando Haddad. 

Mas por que este título, tanto quanto provocativo. Ele se baseia – além de fatos do passado – na decisão (não em definitivo) do ex-presidente em convidar a ex-senadora Marta Suplicy para ser candidata pelo PT a Prefeitura de São Paulo, cargo que ela já ocupou.

Tratei do assunto em outra rede social, em que fui enfático na crítica. Não há cabimento (independente do interesse ou jogo político) de trazer Marta para o PT. É esquecer, até de forma precoce, que ela na condição de senadora pelo MDB, ajudou a concretizar o impeachment de Dilma Rousseff.

Fernando Haddad não quer voltar a governar a capital paulista. Talvez dispute o Palácio dos Bandeirantes ou novamente a Presidência da República. A escolha por Marta mostra que o Partido dos Trabalhadores não têm nomes para concorrer ao paço municipal paulistano. Por isso, Lula quer que Marta seja a candidata do partido.

O nome da ex-senadora sofre forte resistência. Analistas já falam que, se Marta aceitar o convite de Lula, muitos votos petistas irão migrar para o Psol, que poderá lançar Guilherme Boulos para prefeito. O ex-presidente tomou tal decisão de forma unilateral, sem ouvir os “companheiros”. Sabe que, se houver debate em torno do retorno de Marta, a maioria irá vetar. Por isso, tomou a decisão sem consultar às bases.

O PT é reconhecido por ser uma legenda democrática internamente. Há diversos processos decisórios. Mas parece que tal rito consultivo não serve a Lula, ou o ex-presidente não o respeita ou quer se submeter a ele. O lulismo está acima das instâncias democráticas do partido que lhe abriga. Há outra ditadura: a de Lula. Nada está acima dele. 

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