Não é de hoje que o PSDB vive conflitos internos. Diversos grupos formam a estrutura partidária e política da legenda. O peso político maior sempre esteve em São Paulo, desde a sua fundação, quando se desmembrou do PMDB, no fim da década de 80. Assim foi com Mário Covas e Fernando Henrique, os dois maiores expoentes paulistas do ninho tucano. O grupo de Minas Gerais sempre esteve à sombra do citado anteriormente.
A segunda geração paulista veio primeiro com José Serra, depois com Geraldo Alckmin, herdeiro político direto de Covas. Com a saída do cenário político de FHC no início do atual milênio, Serra e Alckmin disputavam o poder no reduto do estado mais rico economicamente do país.
Aécio Neves, mineiro, começou a ter projeção nacional, ofuscando em parte, o controle paulista da indicação do partido ao Palácio do Planalto, fato que ocorreu na prática, na última eleição presidencial, em 2014. Para que isso ocorresse era necessário o controle do partido, a presidência nacional da legenda, cargo que Neves conseguiu.
O autofagismo no ninho tucano iniciou de forma incisiva na questão do apoio ao governo Temer. A questão: ficar ou sair da base governista? Diversos dirigentes e congressistas da legenda se colocaram contra a estada tucana no governo Temer. Outro grupo, foi favorável. Dentre os maiores defensores do PSDB ao lado de Temer, sempre esteve o senador Aécio Neves.
Desde a sua “entrada” no governo, os tucanos sempre mantiveram sobre seu controle quatro ministérios. No último dia 13, Bruno Araújo (Ministro das Cidades) entregou o cargo e voltará à Câmara dos Deputados. Restaram as pastas: Direitos Humanos, Relações Exteriores e Secretaria de Governo.
Indiscutivelmente o PSDB está rachado. O ápice foi a manobra política de Aécio Neves, que afastou da presidência temporária do partido o senador Tasso Jereissati e colocou Alberto Goldman (desafeto direto do prefeito João Dória). A medida foi claramente uma retaliação do senador mineiro as pretensões políticas do seu colega cearense. Mas, a decisão do afastamento de forma brusca aumentou a crise de identidade, existencial no ninho tucano.
A questão política é simples: o PSDB segue sem um nome definido para a disputar a Presidência. E outra: se ficarem no governo que ostenta o maior índice de rejeição da história, os tucanos podem “afundarem” juntos com a turma do Temer.
Independente do nome que o PSDB indicará ao Palácio do Planalto, o partido vive grave crise política. Não só por questões de interesses políticos distintos de diversos grupos internos, mas pela própria essência do PSDB. Partido que nasceu para copiar o formato Social Democrata europeu, logo se tornou um defensor praticante do Neoliberalismo que tomou conta dos países da América Latina no início dos anos 90.
Essa crise existencial, programática dos tucanos, pode em parte explicar as sucessivas derrotas ao Palácio do Planalto que a legenda carrega. Para o PT foram quatro. As pesquisas apontam que o PSDB, independente de candidato, não figura entre os favoritos para 2018. Muitos tucanos de alta plumagem defendem publicamente o regime parlamentarista no Brasil. O que demostra claramente que no atual formato (presidencialismo), voto direto, o partido parece ter poucas chances de vitória.
PSDB precisa primeiro se entender internamente, para depois, quem sabe, se colocar novamente como opção ao eleitor. A esquizofrenia tucana parece que está longe do fim e isso se refletirá em possível fiasco nas urnas na disputa presidencial do próximo ano.