Durante o ano de 2019, o governo Helder Barbalho manteve bons índices de avaliação, estes sustentados por elogiados números da gestão, em especial a sua vitrine: segurança pública. O ano de 2020 iniciou, e tal avaliação positiva foi mantida – inclusive no início da pandemia do novo coronavírus – quando o governador chamou para si a responsabilidade – não aceitando as determinações negacionistas do presidente Jair Bolsonaro.
Porém, fatos ocorreram e diminuíram a boa avaliação da imagem do governo estadual. Alguns deles produtos de ressonâncias que julgo serem naturais, sob o ponto de vista do efeito em relação a liberdade das pessoas que foram, via decreto, limitadas do seu direito de ir e vir. No ápice de óbitos por Covid-19, aquela altura tal decisão foi necessária e correta (o governo decretou lockdown em duas ocasiões em todo o Pará), e isso inegavelmente cria desgaste.
Além do que chamo natural, ocorreram fatos como a compra de respiradores mecânicos, algo essencial a quem está em estado grave causado pela doença (no caso ficou comprovado que não houve prejuízos ao erário público), todavia, a demora na entrega desses equipamentos, comprados na China e que os modelos enviados não eram apropriados para a necessidade de uso, isso em meio a uma pandemia, provocou desgaste. Por último, ainda no período descrito, a operação da Polícia Federal, batizada de “Para Bellum” que investigou a compra de respiradores, foi um fato que pesou. Na ocasião, foi encontrado na casa de um servidor da Secretaria de Saúde (Sespa) o valor de R$ 700 mil.
Passada a “tempestade”, ainda com a pandemia em curso, porém “controlada”, o que permitiu gradualmente reabrir diversos setores econômicos, o governo tinha como objetivo retomar suas atividades e ações que antes estavam quase que exclusivamente voltadas ao combate ao coronavírus. Era hora de retomar o ritmo que foi estancado.
Por onde a retomada iria começar? Qual segmento possibilitaria a recuperação da imagem, para que se pudesse voltar aos patamares de avaliação antes da pandemia? A receita é antiga, mas funciona. Geralmente é usada em período eleitoral e tem efeito positivo garantido. Pois bem, a infraestrutura seria agora a vitrine, em especial o asfalto.
Segundo dados da Agência Pará, em nove meses de atuação, o Programa “Asfalto Por Todo o Pará” está em andamento em cerca de 70 municípios. Executado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas (Sedop), o Programa prevê pavimentação nas 12 regiões de integração do Estado. Segundo o titular da Sedop, Ruy Cabral: “cerca de 98% dos 505 quilômetros já estão devidamente encaminhados e disso já estamos com cerca de 50% já executado. Isso nos leva a crer que até meados de 2021 o Programa será totalmente concluído”.
Seguindo a lógica, a capital paraense não poderia ficar de fora. Por lá são seis frentes de trabalho. O Programa prevê 100 quilômetros de asfalto em Belém. Por aqui, em Parauapebas, segundo o secretário de Obras do município, Wantelor Bandeira, foram destinados 10,8 km de asfalto, que inclui calçadas e meio fio (90% aplicado no complexo VS-10).
Portanto, a retomada da avaliação do governo do Pará terá como carro-chefe o asfalto. Metodologia já conhecida, mas que gera quase sempre bons resultados políticos. Estamos em período pré-eleitoral…
Imagem: Agência Pará.