Inegavelmente o senador da República e ex-candidato ao Palácio do Planalto, Aécio Neves (PSDB), é o maior símbolo da parcialidade da Justiça brasileira. O mineiro é blindado não só pelo judiciário, também pela grande mídia. Outro em seu lugar, talvez, não sendo tucano, já estaria preso e fora da vida pública.
Neves, que desde 2014 dava as cartas no PSDB e tornou-se o maior representante nacional de oposição ao PT, vem desidratando politicamente de forma rápida. Perdeu seguidores, apoiadores e a palavra final dentro do seu próprio partido. Foi praticamente expulso da presidência nacional tucana. Sentiu o quanto a sua imagem está arranhada ao ser recebido no último dia 09, durante a convenção peessedebista, em Brasília, com vaias ensurdecedoras, obrigando-o a deixar o local minutos depois de ter chegado.
Com o apoio da mídia e a complacência do judiciário, o senador mineiro tenta se manter vivo politicamente. Seu objetivo agora é sair dos holofotes, se recolher e tratar da sua campanha de reeleição ao Senado ou até tentar retornar ao governo de Minas Gerais. Tornou-se (mesmo com toda a blindagem a sua imagem pelos setores já mencionados) um símbolo – fora da órbita petista – de corrupção, do mesmo nível, por exemplo, de Eduardo Cunha, preso na sede da Polícia Federal de Curitiba.
A questão é que, Aécio, hoje, segundo pesquisas, é rejeitado por 94% dos brasileiros e 80% dos mineiros. Portanto, se o seu índice de rejeição real for o apontado nas pesquisas, seu futuro político tornou-se incerto. Ele já havia perdido dentro do seu reduto eleitoral nos dois turnos da eleição presidencial de 2014. Dilma Rousseff ganhou em Minas Gerais duas vezes, local que Neves foi deputado federal, governador e Senador. Essa questão, por si só, exemplifica a anterior negativa da maioria dos mineiros em serem representados pelo referido tucano. Agora com as denúncias da JBS, a situação político-eleitoral de Aécio piorou muito.
Para a segurança do senador (facilitado pela legislação e pela prerrogativa do foro privilegiado) ele não poderá ficar inelegível a partir de 2019. Por isso, há a possibilidade do referido se lançar à Câmara Federal, como forma de ter facilitado a sua permanência em Brasília.
De certo mesmo é o processo de decadência política vivido por Aécio Neves. O neto de Tancredo sabe que o seu futuro é incerto e dificilmente conseguirá retomar o seu poder político de outrora. Hoje, não passa de um “zumbi” pelos corredores do Plano Piloto de Brasília.