Autofagismo tucano

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Como é sabido, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) vem realizando prévias para a escolha de seu candidato para a disputa ao Palácio do Planalto, em 2022. Três nomes estão concorrendo: os governadores Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) e João Dória (São Paulo) e o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio.

A  eleição ocorrerá no próximo dia 21. A votação será presencial exclusivamente para os Prefeitos e Vice-Prefeitos; Deputados Estaduais e Distritais; Governadores, Vice-Governadores, Ex-Presidentes e o atual Presidente da Comissão Executiva Nacional do PSDB, Senadores da República e Deputados Federais. Eles participarão de evento em Brasília e poderão votar diretamente nas urnas eletrônicas fornecidas e auditadas pela Justiça Eleitoral. Fora de Brasília, poderão votar normalmente pelo aplicativo Prévias PSDB. Os filiados e vereadores votarão, exclusivamente, pelo aplicativo Prévias PSDB, ainda que estejam participando do evento em Brasília. Quem pode votar? Todos aqueles que tenham se filiado ao PSDB até 31 de maio de 2021.

A disputa está polarizada entre Dória e Leite, que a cada encontro trocam farpas, expondo publicamente as fragilidades de ambos, o que torna-se um prato cheio para os seus adversários. Deslocado, está o ex-mandatário manauara, que escapa dos ataques de ambos, e sustenta a sua candidatura à Presidência da República na justificativa de ter um mandatário nacional amazônida.

O governador paulista e o gaúcho ostentam altos índices de rejeição, 59% e 54% respectivamente, segundo a mais nova pesquisa do PoderData. O que viabiliza reais chances de vencer a eleição presidencial. Na última disputa pelo Palácio do Planalto, o PSDB terminou a eleição em quarto lugar, com votação muito inferior ao que vinha apresentando em eleições presidenciais desde 1994, quando começou a polarizar a disputa com o Partido dos Trabalhadores (PT).

A operação Lava Jato que atingiu em cheio a legenda e as denúncias contra Aécio Neves, diminuíram muito politicamente o partido, que viu crescer o movimento Bolsonarista, desencadeando na eleição de Jair Bolsonaro, em 2018.

As prévias servem muito mais para criar visibilidade ao PSDB, trazer holofotes buscando alavancar o nome escolhido. O tucano vencedor da disputa interna terá que, primeiramente, se viabilizar dentro de um grupo amplo, com até aqui onze nomes que costumeiramente está sendo chamado de “terceira via”.

Por outro lado, como já dito aqui, esse processo endógeno de escolha tucana, irá criar fissuras dentro do ninho, pois antes mesmo dessa proposta de definição democrática, o partido já estava dividido.

Pará 

Como já analisado anteriormente pelo Blog do Branco, o PSDB paraense está esfacelado. A maioria da legenda está apoiando o governador Helder Barbalho (MDB) e não quer candidatura própria ao governo do Pará. Outro grupo ainda segue com o ex-governador Simão Jatene, que ainda tenta se viabilizar como candidato. No caso dos dois principais candidatos nas prévias, Leite apoia Jatene ao governo do Pará; Dória não quer candidatura tucana ao Executivo paraense.

De toda forma, ao meu ver, o PSDB perde mais com as prévias do que se escolhesse um nome sem disputa interna. Dória impõe seu peso político por ser o governador do estado mais rico e importante do país, todavia, não é orgânico do partido. É visto internamente como um grande oportunista, ainda mais quando se analisa a sua postura em relação ao ex-governador Geraldo Alckmin. Já Eduardo Leite mostrasse como um grande conciliador e parece ter mais simpatia dos eleitores tucanos. Enquanto isso, o autofagismo tucano segue a todo vapor.

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