Combate à cultura do fogo

O fogo foi a maior conquista do ser humano na pré-história. A partir desta conquista o homem aprendeu a utilizar a força do fogo em seu proveito, extraindo a energia dos materiais da natureza ou moldando a natureza em seu benefício. O fogo serviu como proteção aos primeiros hominídeos, afastando os predadores. No inverno e em épocas gélidas, o fogo protegeu o ser humano do frio mortal. O homem pré-histórico também aprendeu a cozinhar os alimentos em fogueiras, tornando-os mais saborosos e saudáveis, pois o calor matava muitas bactérias existentes na carne.

O fogo também foi o maior responsável pela sobrevivência do ser humano e pelo grau de desenvolvimento da humanidade, apesar de que, durante muitos períodos da história, o fogo foi usado no desenvolvimento e criação de armas e como força destrutiva. Na antiguidade, o fogo era visto como uma das partes fundamentais que formariam a matéria. Na Idade Média, os alquimistas acreditavam que o fogo tinha propriedades de transformação da matéria alterando determinadas propriedades químicas das substâncias, como a transformação de um minério sem valor em ouro.

Assim o fogo foi criado e se desenvolveu acompanhando a própria evolução humana. Primeiramente, se faz necessário diferenciar queimada de incêndio. O primeiro é uma conhecida prática agrícola que tem como objetivos: controlar pragas, limpezas de áreas para plantio e renovação de pastagens. Assim sendo, o fogo é muito utilizado em nossa agricultura. Já os incêndios são de proporções maiores, atingindo grandes áreas, sem planejamento, muitos destes considerados criminosos.

Cultura do Fogo

Em Parauapebas, no período do verão amazônico, basta uma volta rápida por algumas ruas, quadras, áreas afastadas e outras próximas ao centro para se perceber as diversas áreas queimadas, com a retirada completa da cobertura vegetal, além do impacto no solo, quase sempre o empobrecendo. O processo toma grandes proporções especialmente nos meses de agosto, setembro e outubro. Os morros que contornam o município, sobretudo, os que estão situados no cinturão urbano da “capital do minério” são sempre os atingidos em potencial. Suas coberturas vegetais são retiradas sem qualquer punição ou – pelo menos – a identificação de quem promoveu tamanho atentado ambiental. Tornou-se rotina, algo corriqueiro tais procedimentos. Criou-se para a infelicidade do município a “cultura do fogo”, que ocorre no dia-a-dia, por exemplo, desde a queima de lixo ou folhas no quintal de uma casa.

A situação fica tão crítica que em determinados dias, a cidade inteira é tomada por uma grande nuvem de fumaça, limitando a visibilidade, piorando o ar que já é bastante poluído. Estamos criando um clima insuportável na região. A cada ano com temperaturas mais altas, menor umidade e diminuição das áreas verdes. Até quando a cultura do fogo vai ser predominante na região, especificamente em Parauapebas?

O tema já foi tratado pelo Blog em outras oportunidades, todavia, seu retorno se faz necessário (mesmo no período do inverno amazônico), por conta da implantação pela Prefeitura de Parauapebas do programa “Cidade Limpa, queimada zero” que tem como objetivo conscientizar proprietários de terrenos e lotes, a manterem esses espaços limpos. Neste primeiro momento, o processo ocorrerá no formato educativo, porém a partir do mês de maio, inicia a aplicação de punições para os que insistirem em não assumir suas responsabilidades.

Essa alteração e novo enquadramento sobre a questão só foi possível por conta de uma lei que foi aprovada pela Câmara de Vereadores em dezembro de 2020, que trata sobre a proibição de queimadas em Parauapebas. A Lei nº 4.925/2020 que dispõe sobre a proibição de queimadas no âmbito do município, estabelecendo mecanismos de prevenção, mitigação e coibição da prática.

O programa foi lançado na sala de reuniões do Gabinete do prefeito, e se fizeram presentes representantes das secretarias de Meio Ambiente, Urbanismo, Corpo de Bombeiros, o prefeito Darci Lermen, vice-prefeito João Trindade, o vereador “Zé do Bode” (representando o Poder Legislativo), assessores e profissionais de imprensa.

Torcer para que através de ações punitivas, haja vista, que o processo de conscientização não funcionou, possa mudar essa triste realidade de queimadas em Parauapebas.

Imagem: Portal Pebinha de Açucar.

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

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