Correndo atrás do prejuízo. A reeleição de Edmilson e os fatores que a cercam

O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, ainda no Psol, resolver fazer crê, isso mesmo, que neste último ano de seu mandato, a cidade de Belém terá uma revolução administrativa e gerencial, que a colocará em outro patamar. Esse é, acreditem, o mantra que o mandatário da capital tenta fazer prevalecer na mídia e no imaginário popular.

De forma muito tarde, reconheceu que a sua gestão deixou a desejar. Claro que esse mea culpa vem alicerçado por dois grandes pilares negativos: pandemia e governo Bolsonaro. Para que, digamos, essas justificativas fossem aceitas em contestação, o ano de 2023 deveria, portanto, ter sido bem diferente em sua gestão, pois a pandemia não existia mais e o governo Lula já estava vigorando.

Na verdade, em seu íntimo, Edmilson sabe que deixou a desejar. Sua gestão ficou muito aquém do que se poderia imaginar. Existia uma grande expectativa que Belém voltasse a ser bem administrada, depois de 16 anos da dupla Duciomar-Zenaldo. Mas, para muitos, a atual gestão conseguiu ser muito pior do que os citados.

Edmilson convive com a marca de sua primeira passagem pelo Palácio Antônio Lemos, quando, de fato, Belém teve uma gestão reconhecida nacionalmente. Diversos prêmios foram concedidos, alguns de fora do país. Edmilson desaprendeu a administrar? Retrocedeu gerencialmente? Por que, então, essa sua atual gestão é tão abaixo da primeira, por exemplo? A política mudou tanto assim? Por que algumas práticas bem sucedidas de seu primeiro mandato não foram copiadas no atual?

Responder esses questionamentos é complexo e dificultoso. Talvez, quem sabe, nem o próprio mandatário os consiga. Sendo assim, Edmilson está fadado a derrota em seu projeto de reeleição. Em tese, analisando friamente, sim. Seis índices de popularidade e avaliação são péssimos. Em alguns levantamentos, são os piores do Brasil. Como mudar isso, em poucos meses?

Há diversos outros fatores políticos que orbitam o projeto de reeleição de Edmilson. O governador manterá o seu apoio, como fez em 2020? Vale lembrar que naquela disputa, Helder se viu obrigado a “carregar” Rodrigues para evitar uma vitória do bolsonarismo, encarnado na figura de Everaldo Eguchi.

Depois de três anos, as pesquisas apontam vitória do deputado federal Eder Mauro, do PL, ou seja, mais um risco bolsonarista de ocupar o Palácio Antônio Lemos. Não esqueçamos que o projeto político de Helder passa pelas disputas municipais, em especial a de Belém. A ausência de um nome competitivo mais próximo do governador, o fará apoiar novamente Edmilson, evitando uma vitória bolsonarista? Essa possibilidade existe, digamos, em último caso. Outro ponto: o governo federal, melhor dizendo, o presidente Lula, manterá o apoio a Edmilson? Usará de sua influência, por exemplo, para cobrar Helder?

Ainda tem a seu favor a realização da COP-30 em Belém, que promoverá na capital grandes investimentos. Resta saber se o prefeito conseguirá ser protagonista, ou ficará em segundo plano (como vem acontecendo em diversos anúncios e ações).

A reeleição de Rodrigues não será missão fácil. Demandará de uma junção de forças para que ocorra. Portanto, depende muito mais de atores políticos de fora do que do próprio prefeito, que precisa melhorar sua popularidade, se manter em segundo lugar nas pesquisas e, com isso, forçar os apoios de Helder e Lula. Só a máquina municipal da capital não será capaz de mantê-lo em sua cadeira. E ele sabe disso.

Imagem: O Liberal. 

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

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