Desistência forçada

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A semana política começou com um notícia que já se desenhava previsível, mas, inegavelmente, de grande impacto: a desistência por parte de João Dória da disputa presidencial. Na manhã de hoje, 23, o ex-governador de São Paulo anunciou que retirou a sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto. Portanto, algo inédito aconteceu: o PSDB não terá candidato à Presidência da República, algo que não acontece com o partido desde 1994.

“Me retiro da disputa com coração ferido”, disse mais cedo em pronunciamento na capital paulista. Em sua volta familiares e ex-auxiliares estavam em clima de velório. A decisão abre caminho para os tucanos apoiarem possivelmente a senadora Simone Tabet, do MDB. O tucano não conseguiu atingir um patamar nas pesquisas que pudesse sustentar a sua pré-candidatura, mesmo estando à frente da senadora emedebista em praticamente todos os levantamentos.

Como já dito aqui em outro artigo, o PSDB quer focar na formação de bancadas legislativas nos estados e em Brasília, em nome da própria sobrevivência política. Há clara sinalização de que o partido perca cadeiras na Câmara dos Deputados, que hoje são 22 assentos, o menor quantitativo desde 1994. No Senado a situação é melhor, pois por lá os tucanos ocupam seis cadeiras e apenas duas delas estarão em disputa. José Serra e Tasso Jereissati estão em seus últimos anos de mandato. O paulista dizem que concorrerá a uma das 70 vagas que São Paulo tem direito na Câmara Federal; já o cearense ainda não definiu o seu futuro.

De todo modo, a desidratação político-eleitoral dos tucanos é algo irreversível. Seguem a tática de “redução de danos”. O primeiro passo foi dado em relação às eleições 2022: tirar João Dória do jogo. A questão que pesa contra o partido é que se promoveu uma eleição interna para a escolha do nome que disputaria a eleição, que seria validada na convenção, mas que não foi respeitada. O ex-governador paulista que ameaçou judicializar a situação, parece ter desistido.

Dória que desde quando chegou ao partido, em 2016, sendo apadrinhado pelo ex-governador Geraldo Alckmin, quando concorreu à Prefeitura de São Paulo, vencendo aquele pleito; dois anos depois ter deixado o paço municipal para concorrer e vencer novamente o governo de São Paulo, nunca foi visto com bons olhos dentro do ninho tucano. Acusavam-no de não cumprir acordos internos e fazer política para si, e não partidariamente. Chegou-se a dizer que ele apenas usava o PSDB  para interesses pessoais.

Ao fim, Dória que entrou recentemente na política, um verdadeiro outsider. Sentiu verdadeiramente e da pior forma como funciona o jogo. Continuará no ninho tucano ou buscará uma nova legenda para juntar os cacos e recomeçar a sua trajetória política? Dória sempre acostumado a ganhar, desta vez perdeu.

Imagem: CNN Brasil.

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