No último domingo, 25, o fato ocorrido com o candidato a prefeito de Parauapebas, Júlio Cesar (PRTB) tomou proporção nacional ao ser exibido no programa Fantástico da Rede Globo. Vamos recapitular o ocorrido. No dia 15 do mês corrente, o citado candidato estava em uma camionete em companhia de mais três pessoas, cumprindo agenda de campanha na Vila Carimã, na zona rural, distante 40 km da sede do município.
No retorno, a camionete em que os quatro estavam, foi interceptada por outro veículo com – segundo a versão dada pelo candidato e as pessoas que o acompanhavam – três elementos, que atiraram em direção a eles. Júlio César foi atingido com um tiro no peito que atravessou o seu corpo, saindo pelas costas. O candidato foi atendido em um hospital particular e dois dias depois já estava tendo alta. Em nenhum momento, segundo os profissionais que o atenderam, ele esteve sob risco de morte.
O caso envolve muita polêmica. Há diversas contradições no conteúdo relatado pelos envolvidos, fatos que parecem não se encaixar com a realidade. No dia seguinte ao ocorrido, devido a algumas contradições narradas, crescia a percepção de que o caso pode ter sido armado. De toda forma, isso que dirá será a Polícia Civil que investiga o caso. A cúpula da PC, destacada da capital, está na cidade trabalhando para elucidar o ocorrido o mais rápido possível.
A matéria feita pelo Fantástico só embaralhou ainda mais a situação. Pois a reportagem narrou algo diferente do que o próprio candidato relatou em depoimento, e que é a versão sustentada por seus apoiadores. Aliado a isso, ainda têm áudios e um vídeo do vice-presidente do PRTB, Gilson Fernandes, declarando que tudo não passa de farsa, e esta montada com o objetivo de impulsionar a candidatura de César.
Algumas questões precisam ser esclarecidas, como, por exemplo: onde está a camiseta que o Júlio César estava vestindo no dia do fato? Por que a camionete foi liberada de forma rápida e depois teve a solicitação de retorno, isso depois de ter ficado vários dias na posse do proprietário? Por que ambos os objetos (camisa e veículo) não foram periciados? No caso da camionete, precisa ser esclarecido os locais dos tiros, para definir, por exemplo, calibre, posição, ângulo, etc.
Júlio César e seus apoiadores tentam de todas as formas emplacar que o ocorrido foi um atentado político. A questão é: qual interesse teria um candidato adversário em promover tal ato, sabendo que isso poderia (como ocorre na prática) impulsionar uma candidatura que até então estava sem expressão, estacionada em quarto ou quinto lugar nas pesquisas?
Na prática, o fato, impulsionou o candidato do PRTB. Pesquisas de consumo interno encomendadas pelos operadores do jogo político de Parauapebas, indicaram o seu crescimento, dias após o fato ter ocorrido. A pesquisa de ontem, 26, postada aqui no Blog, realizada pelo Instituto Data Populi, apresenta empate técnico entre o ex-prefeito Valmir Mariano (PSD) e Júlio César (PRTB), com tendência de crescimento deste último.
Após a matéria do Fantástico, a equipe do candidato em questão, marcou ontem, 26, uma live para esclarecer os fatos. A participação da imprensa só foi permitida no formato de envio de perguntas que eram selecionadas pelos assessores. Portanto, não se poderia confrontar versões. O objetivo foi o de reforçar a narrativa de atentado político, já bastante questionada, e claro, sustentar a versão (mesmo esta em clara divergência entre os estavam presentes no suposto “atentado”).
Com poucas evidências que sustentam a tese de atentado político, as autoridades envolvidas no caso, precisam urgentemente solucionar a questão. Se foi atentado, a mando de quem? Por que? O que não se pode – como está claramente ocorrendo – é ganhar politicamente com isso, se aproveitar do fato – ainda não esclarecido, portanto, sem evidências que seja um atentado político – afim de criar comoção social. Ligar o ocorrido ao presidente da República? A estratégia é “bolsonarizar” o candidato Júlio César? Deixar o caso sobre intervenção politica de um deputado federal fluminense? Por que tal interesse do parlamentar em Parauapebas?
Está mais do que claro que manter a narrativa de atentado político, faz parte de uma estratégia eleitoral. Cabe a policia judiciária desmontá-la e o Poder Judiciário tomar as providências. Caso tenha sido atentado (e este pode ser de vários formatos), que os responsáveis sejam identificados. Parauapebas não pode manchar a sua imagem com um caso muito mal explicado e que deixa no ar muitas dúvidas e incertezas.