Em doses homeopáticas

O jornalista e escritor norte-americano Glenn Edward Greenwald, desde o último domingo, 09, vem sacudindo as estruturas da política brasileira. O site The Intercept, em que ele é o editor-chefe, tornou público conversas entre o ex-juiz Sérgio Moro e membros do Ministério Público, dentro do âmbito da operação Lava Jato, que se vive em intensa instabilidade política. 

Greenwald é esperto e por morar no Brasil há mais de uma década, entende como funciona a grande mídia do país. Não, por acaso, ele vem desde o último dia 09, liberando o conteúdo do material que possui sobre o tema em doses homeopáticas. Sabe, por exemplo, que caso tivesse soltado tudo de uma vez só, muitos fatos se perderiam, e poderiam ser facilmente desconstruídos. Por isso, libera os conteúdos aos poucos. Espera, por exemplo, que os envolvidos tentem desmentir, tentando emplacar as mais absurdas justificativas, com apoio de parte da mídia, para que solte novas partes, derrubando assim a defesa dos envolvidos.

É um jogo de gato e rato. Abre-se um buraco, os envolvidos tentam tapá-lo, e logo se abre outro. Essa será a lógica. Assim, o jornalista norte-americano desmoraliza Moto e Dallagnol. Não os permite encerrar o assunto. E segundo Greenwald o que foi tornado público não chega nem a 10% do total do conteúdo. Portanto, ainda há muito que vir à tona. E pelo que se percebe, é cada vez mais comprometedor, pois envolve mais pessoas. O mais recente tem a citação do nome de um ministro do Supremo Tribunal Federal. 

A interferência de Moro, por exemplo, vai ficando cada vez mais claro. A mais recente parte liberada, aponta que o ex-juiz, hoje ministro, instruiu os procuradores da Lava Jato, como agir em relação ao depoimento do ex-presidente Lula, assim como desconstruir a defesa do petista. Inegavelmente, Moro extrapolou qualquer limite que o ofício da magistratura exige. E isso é algo grave ao Estado democrático de Direito.

Apesar de contar com o apoio público do presidente, sua imagem vem ruindo. As quatro principais revistas semanais do país (Veja, Isto É, Época e Carta Capital) estamparam em suas capas a imagem de Moro, em tom negativo.

A expectativa agora é que o site The Intercept, libere nas próximas horas novos trechos, e que podem – seguindo a lógica – serem ainda mais comprometedores. Há conversas de Sérgio Moro com o desembargador Gebran Neto, do TRF-4, instituição que jugou em segunda instância o ex-presidente Lula, e a juíza federal Gabriela Hardt, quem o substituiu quando aceitou o convite para ser ministro.

Assim, em doses homeopáticas, Glenn Greenwald, vai agindo e tornando-se o dono do tabuleiro. Mexe as peças estrategicamente, e de forma inteligente prende a atenção de todos. O norte-americano aprendeu como agir jornalisticamente no Brasil, isso em resposta ao modus Operandi da grande mídia. Sentem-se e aguardem, ainda haverá muitos capítulos pela frente. 

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

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