Esquizofrenia lulista

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Sem esforço analítico, chega-se a uma conclusão: governo Lula vive uma esquizofrenia gerencial desde seu começo. Um primeiro escalão montado com muitas adesões da base, ou seja, menos PT e mais centrão, além de um Congresso Nacional mais conservador e direitista, promoveram uma ação difusa, que ocasiona na prática derrotas em votações importantes e perda da principal identidade: social, que sucumbe frente ao um protagonismo exacerbado do parlamento e agendas liberais.

Os dirigentes petistas ainda buscam reviver as gestões anteriores de Lula, em que, de fato, o PT se sobressaia frente aos demais partidos da base, bem diferente dos dias atuais. O dilema político está posto: promover uma guinada à esquerda, o que provocaria uma tensão com partidos mais centristas da base; ou permanecer como governo de centro-direita (como dito por diversos analistas políticos) e aumentar o desgaste político, perdendo apoio inclusive de setores progressistas, como se vem observando.

Seguindo a cartilha autofágica do PT, a mira de alguns dirigentes da legenda agora é Fernando Haddad, ministro da Fazenda, é que vem promovendo um arrocho nas contas públicas que limitam ações mais populares e que vem custando politicamente ao governo.

Em linhas gerais, como frisou o jornalista da CNN Brasil, Caio Junqueira: “Há a leitura de que a pauta a esquerda travou e que o governo só consegue avançar em medidas que tem apoio do centro e da direita”. Tal afirmação é irrefutável. Para atenuar o desgaste do governo, petistas pedem que seja feito uma reforma ministerial, buscando dinamizar o governo e diminuir, por exemplo, o ímpeto por cargos do centrão.

Em Brasília, se fala que o presidente é mal assessorado. Que lhe falta a experiência de figurões petistas de outrora. Um “núcleo gerencial”, por exemplo. Outra questão é o processo de sucessão de Lula. Até então, concorrerá à reeleição em 2026, todavia, será a sua última disputa eleitoral, o que já provoca disputas internas, especialmente entre Rui Costa (Casa Civil) e Fernando Haddad (Fazenda).

As eleições municipais de outubro serão o termômetro político. Se ocorrer uma derrota significativa do campo progressista, Lula terá que mudar os rumos de sua gestão ou poderá encerrar sua estada no Palácio do Planalto em 2026.

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