Notadamente o governo do presidente Michel Temer, agoniza e já demonstra os primeiros sinais de que não poderá encerrar o seu mandato. Após seis meses do impeachment, que afastou em definitivo a ex-presidenta Dilma Rousseff, nada melhorou no país. Nenhum dado econômico pode ser comemorado. Em alguns setores, houve até piora do quadro avaliativo.
No plano político, o governo aparentemente mantém base sólida de apoio no parlamento. Mas se tratando de oportunismo e fisiologismo, o nosso Congresso Nacional já mostrou que não tem apegos ao Palácio do Planalto, independente de quem esteja no comando. Basta o primeiro sinal de fragilidade política para rebeliões e aumento de demandas ao Executivo.
Temer, além de não ter apoio popular (mantém recorde de desaprovação), vai perdendo gradativamente apoio político em Brasília, nos estados e de setores produtivos. A grande mídia ainda mantém generosa cobertura, bem diferente da forma como cobriam o governo Dilma. Sem a grande imprensa, governo Temer não se sustenta.
Michel assumiu publicamente a articulação do seu próprio governo. Ele, pessoalmente irá negociar e criar a relação institucional com o Congresso. Sabe que seu governo começa a ruir e seus auxiliares não conseguem os resultados esperado. Até quem apoiou o impeachment, agora se mostra arrependido ou quer a saída de Temer. Ontem (28), por exemplo, foi protocolado o primeiro pedido de impeachment do presidente. A pressão aumenta.
E o PSDB, neste processo? Os tucanos estão aguardando o cenário. Sabem que não seria interessante disputar novas eleições. O partido, apesar da blindagem da mídia e de grande parte do judiciário, está enrolado em delações da Lava Jato. A imagem tucana está afetada negativamente pela crise política. Aécio Neves, por exemplo, é campeão em citações. Não teria condições de ser competitivo em uma nova eleição.
Por isso, a espera. Se Temer cair agora, terão novas eleições, pois não se completou 50% do mandato. Se cair após o fim do ano, já em 2017, o Congresso Nacional promoverá eleição indireta, ou seja, sem participação popular. Tudo seria resolvido em acordos, nos bastidores, até que um nome seja ungido ao posto máximo do país. No formato indireto, os tucanos são favoritos. Nos bastidores se fala muito o nome do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, pela experiência, haja vista, o momento difícil e uma crise política sem fim.
Por isso, o PSDB apoia e não apoia o governo Temer, quase ao mesmo tempo. Atitude esquizofrênica e ao mesmo tempo ponderada. Se mantém como aliado, na base até que perceba que o governo se tornou insustentável e que poderá ter a possibilidade – por via indireta – de assumir a Presidência da República. Com o PT agonizando politicamente e o PMDB na mira da operação “Lava Jato”, o caminho vai ficando favorável ao PSDB. Claramente é o golpe dentro do golpe. Pobre democracia brasileira.