No próximo dia 22, o Superior Tribunal Eleitoral (TSE) julga a Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) que pode deixar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu vice nas eleições de 2022, Walter Braga Netto, inelegíveis por oito anos. O que estará em pauta dos ministros do citado tribunal envolve o caso da reunião com embaixadores estrangeiros, em que o então presidente Bolsonaro colocou em dúvida o sistema eleitoral brasileiro e a lisura das urnas eletrônicas, ao repetir, sem provas, argumentos já desmentidos por órgãos oficiais. Na ocasião, ele reiterou que as eleições daquele ano deveriam ser “limpas” e “transparentes”.
Outro fato que pode deixar o ex-presidente fora de disputas eleitorais por oito anos, diz respeito ao abuso de poder político na eleição presidencial do ano passado. Em maio, o Ministério Público Eleitoral (MPE) se manifestou sobre o fato, pedindo a condenação de Bolsonaro.
Para muitos analistas, é certa sua condenação. Nas últimas semanas, o ex-presidente evitou bater de frente com o TSE e deu a entender que se conformaria com o resultado, apesar de considerá-lo injusto. Se de fato for tornado inelegível, a estratégia de Bolsonaro será evitar indicar um sucessor e se agarrar à possibilidade de reverter a derrota com recursos, mantendo-se no cenário político. Por isso, segundo aliados, o ex-presidente tem sido orientado a não apoiar pré-candidaturas, evitando dar sinal de desistência antes do fim da batalha jurídica, já que, em caso de condenação, ele pode apresentar embargos ao próprio TSE e recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF). E o entendimento é de que, até a 2026, há tempo para essa briga nos tribunais. A lógica é a mesma usada em 2018 por Lula, que só lançou o nome de Fernando Haddad (PT) quando não havia mais jeito. Essa estratégia pode fortalecer Tarcísio de Freitas (Republicanos), visto como um sucessor natural. Sem uma pré-candidatura explícita, o governador de São Paulo pode manter o discurso de longo prazo em relação à reeleição estadual e evitar ataques tanto tempo antes do pleito presidencial. (Metrópoles)
Essa postura mais pragmática de Bolsonaro seria orientação,
Bolsonarismo sem Bolsonaro
Desde quando retornou dos Estados Unidos, em março, Jair Bolsonaro aparece pouco publicamente. Vive em Brasília e, esporadicamente, participa de eventos políticos com aliados. Com a inelegibilidade encaminhada, restará a Bolsonaro se manter como um importante cabo eleitoral para as eleições municipais de 2024, e buscar o sucessor para 2026. Inelegível, caberá a ele (segundo fontes do PL) criar a narrativa de perseguição das instituições, ou melhor, do “Sistema” contra si. A questão que vem chamando atenção é a sua desidratação política. Mas isso não significa ele fora do “jogo”, o Bolsonarismo deixará de ser uma força política. Ele continuará na ativa. Veio para ficar.