Jatene: entre as promessas de campanha e a realidade

Na campanha eleitoral de 2014, o Portal G1 deu início ao acompanhamento das promessas de campanha dos candidatos aos cargos do Poder Executivo. Portanto, todas as disputas estaduais, municipais (capitais) e a presidencial foram analisadas. O ponto de partida foi o plano de governo dos candidatos. Estava acordado que os vencedores (em reeleição ou não) teriam as suas promessas e ações em seus respectivos planos de governos monitorados e acompanhados durante a vigência da gestão para o qual foram eleitos ou permaneceram.

No final de cada ano, o portal lança os seus relatórios referentes ao processo avaliativo das gestões. E assim continuará até finalizar o período de gestão, neste caso, no fim do ano corrente. Os critérios de avaliação ficaram definidos da seguinte forma:

Não cumpriu ainda: quando o que foi prometido não foi realizado e não está valendo/em funcionamento.

Em parte: quando a promessa foi cumprida parcialmente, com pendências.

Cumpriu: quando a promessa foi totalmente cumprida, sem pendências.

Ou seja, se a promessa é inaugurar uma obra, o status é “cumpriu” apenas se a obra já tiver sido inaugurada; caso contrário, é “não cumpriu”. Se a promessa é construir 10 hospitais e 5 já foram inaugurados, o status é “em parte”.

No caso do Pará, o Portal G1 analisou as 30 promessas de campanha (que constavam no plano de governo) de Simão Jatene. O governador tucano cumpriu 11; obras em fase de execução, mas ainda sem prazo de entrega somam outras 11 e as que nem saíram do papel chegam a 8. Portanto, até o momento Jatene só cumpriu pouco mais de 1/3 do que externou ao eleitor paraense. Das 11 obras em andamento cinco deverão ser finalizadas até o fim de sua gestão. Jatene deixará o governo (em abril ou em dezembro, dependendo dos acordos políticos firmados) com pouco mais de 50% das promessas de campanha entregues.

O blog fez levantamento com todos os 27 governadores, incluindo o Distrito Federal para poder ter uma média avaliativa da gestão tucana no Pará. No comparativo, Jatene ficou em 10º lugar em número de promessas cumpridas. Desconta-se nesta estatística o estado do Amazonas (há três meses ocorreu eleição suplementar com a vitória de Amazonino Mendes, portanto, sem parâmetro comparativo). Simão empatou no critério de promessas cumpridas (11) com o governador do Amapá, Waldez Goés (PDT). No critério de desempate (promessas em andamento), o tucano paraense tem uma a mais (11), o que lhe coloca em 10º lugar no ranking de 27 posições. Em contrapartida, Jatene ficou apenas em 17º lugar em números de ações ou projetos incluídos no plano governo (30 conforme o documento de campanha), portanto, abaixo de diversos outros programas.

Segundo o portal G1, o governador mais bem avaliado do país é o do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). Seu índice de cumprimento do prometido em campanha chega aos impressionantes 90%. E ainda falta um ano de gestão. Podemos pegar como comparativo a gestão do nosso ente federativo vizinho, descontando as assimetrias de ambos, especialmente as econômicas (potencialidade e PIB).

Jatene sabe que chegará ao fim do seu 3º mandato como governador em posição política desfavorável. Sua avaliação é ruim. O modelo de gestão completará no fim deste ano duas décadas, 16 anos de forma ininterrupta, parece ter se esgotado na visão do eleitor. O presidente da Alepa, Márcio Miranda (DEM), o escolhido por Simão, é um candidato forte, de grande potencial de crescimento, mas ao mesmo tempo terá que mostrar ao eleitor que fará de outra forma, sob uma nova plataforma política e gerencial. Caso ganhe, fará uma gestão diferente do que vem sendo feito. Enquanto isso, Jatene encerrará a sua passagem pelo Palácio dos Despachos (em abril ou dezembro) com imagem de um gestor que fez o básico enquanto governador. Bastaria olhar para o lado, para o vizinho Maranhão para ver na prática que às vezes “menos é mais”.

Entre as oito promessas de campanha que não deverão ser entregues estão:

 – RECUPERAR, CONSTRUIR E AMPLIAR AERÓDROMOS ESTADUAIS;

– CONCLUIR E EQUIPAR O HOSPITAL ABELARDO SANTOS E IMPLANTAR HOSPITAIS EM SANTA IZABEL E ITAITUBA;

– IMPLANTAR UMA UTI NO HOSPITAL REGIONAL DE CAMETÁ;

– IMPLANTAR AS URES CARAJÁS, BAIXO AMAZONAS, TOCANTINS E METROPOLITANA I;

– IMPLANTAR 1 URE FLUVIAL;

– CRIAR NOVOS CENTROS DE RECUPERAÇÃO DE DEPENDENTES QUÍMICOS;

– IMPLANTAR 1 URE PARA A POPULAÇÃO CARCERÁRIA;

– IMPLANTAR 2 LACEN REGIONAIS.

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

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