Recentemente o governador do Pará, Simão Jatene, se afastou por alguns dias de suas atividades profissionais por recomendação médica. No último dia 16 do mês passado, o mandatário da política paraense teve uma indisposição (pressão alta) tomando os cuidados necessários de qualquer pessoa, principalmente pelo histórico de já ter em seu corpo quatro stents destinados a desobstruir artérias coronárias, com 67 anos de idade e o natural estresse de um governante. Simão colocou o quinto aparelho. Retornou às suas atividades no último dia 22.
O que se poderia esperar era que o governador retomasse agenda e os trabalhos em doses homeopáticas. Aumentando o ritmo aos poucos, de forma gradativa, atendando as recomendações médicas. Mas ocorreu o contrário. Jatene ao retornar ao Palácio dos Despachos, imprimiu intenso ritmo de trabalho, surpreendendo até aos seus assessores mais próximos.
Na última segunda-feira, 26, o Governo Federal entregou mais um grande conjunto habitacional em Belém, dentro do programa Minha Casa Minha Vida. Como de praxe, o principal representante do GF no Pará, o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, estava à frente do evento, buscando capitalizar para si politicamente a ação. Diferentemente do que vinha ocorrendo em outros eventos do mesmo segmento, desta vez, Simão Jatene e seus correligionários resolveram quebrar o monopólio do herdeiro político de Jáder e dividiram o palanque. O governador em sua fala, fez diversas críticas – de forma indireta – ao grupo político rival. Havia semblante de constrangimento claro em Helder e Elcione, sua mãe.
Em outro vídeo, em uma rede social do marqueteiro do PSDB paraense, Orly Bezerra, o governador aparece caminhando na rua, no sol, abordando obras que estão sendo realizadas em uma área de ocupação conhecida como “Pantanal”, ao lado do Parque do Utinga, área de preservação ambiental e que comporta dois lagos que abastecem Belém.
Acostumou-se com a postura que Simão vinha mantendo. Mais reservado, com poucas aparições públicas e fazendo-se de “ouvido de mercador” para as críticas e a inércia de seu governo, especialmente na área da segurança pública. Com o recém problema de saúde, esperava-se que Jatene se retraísse mais ainda. Mas o efeito foi reverso. O governador está a todo vapor.
Jatene sabe que precisa sair de sua zona de conforto. Tem ciência que o projeto de poder dos tucanos no Pará está ameaçado por conta de Helder Barbalho. Jatene indicará o seu sucessor (seis nomes estão na disputa) e se quiser ser senador, precisa “arregaçar as mangas”. Por isso, a mudança de postura e a quebra do monopólio de Helder na entrega de obras pelo Pará. A costumeira postura mais defensiva, não entrando no “octógono” político de seus adversários, parece ter sido deixado para trás. Simão precisa mostrar serviço, agilizar o seu governo, preparar a sua sucessão e ainda, quem sabe, a sua candidatura ao Senado Federal. E o mais importante: manter a dinastia política tucana no Pará. Muitas ações e pouco tempo. O primeiro passo parece ter sido dado: sair das cordas.