Jatene usará novamente a tática “Boi de Piranha”?

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Em 2018, Simão Jatene então governador do Pará, articulava para se candidato a senador da República, se desincompatibilizando do cargo assim como o seu então vice-governador, Zequinha Marinho (PSC), para que o então presidente da Assembleia Legislativa, Márcio Miranda (DEM) assumisse o governo e pudesse crescer eleitoralmente para ser então o candidato ao governo do Pará.

O imbróglio foi que Marinho não aceitou sair do cargo. Queria assumir o governo e ser ele o candidato, o que não foi aceito por Jatene. No fim das contas, Simão ficou no cargo, Zequinha se aliou aos Barbalho, se elegendo senador, e Miranda perdeu a eleição para governo.

À época, a escolha de um nome fora do ninho tucano criou grande reboliço no partido. O PSDB rachou internamente, comprometendo a campanha de Miranda. O então prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, esperava ser o escolhido por Jatene, todavia, a baixa popularidade, fruto de sua péssima gestão no Palácio Antônio Lemos, era a justificava da sua não escolha. Na verdade, Simão não queria um tucano em seu lugar. Sua estratégia era assumir uma cadeira no Senado Federal, para depois ser, novamente, candidato ao governo do Pará.

Portanto, como afirmou o Blog do Branco em abril de 2018, Márcio Miranda foi escolhido para perder. Ser o que se chama de “boi de piranha” na política. Mesmo que, em parte, dando errada a estratégia de concorrer ao Senado, Jatene não esperava ficar inelegível por ter tido suas contas de 2018 reprovadas pela Assembleia Legislativa (Alepa), e ainda por cima, com votos de parlamentares tucanos. O segundo tiro de misericórdia contra o ex-governador foi a adesão de seu partido à base de apoio político de Helder Barbalho, que lhe tira – mesmo que consiga reverter na Justiça a decisão de inelegibilidade que se encontra – a possibilidade de disputar o governo.

O que resta politicamente a Jatene? Caso ainda queira ser candidato ao governo ou ao Senado, tem que sair do PSDB. Ir, por exemplo, para o PSD, que declarou oposição ao atual governador. Se conseguir tornar-se elegível, poderá concorrer a única vaga disponível ao Senado, disputando, por exemplo, com um ex-aliado, o ex-prefeito de Ananindeua, Manoel Pioneiro, que, até o momento, é o nome do PSDB para a vaga, contando com apoio de Helder.

Então, quem seria o candidato que Jatene lançaria ao governo? Não teria outro nome que não fosse o do ex-vice-governador, Helenilson Pontes, que presidente o PSD no Pará, e que se reuniu recentemente com o ex-governador. Pontes está em intensa agenda pelo território paraense. Não se sabe ainda qual a sua pretensão eleitoral. Fontes afirmam que ele está propenso a disputar o Senado, porém, Jatene poderá, quem sabe, convencê-lo a concorrer ao Executivo estadual paraense.

A tática “Boi de Piranha” está novamente em curso? Jatene está operando para indicar um nome ao governo (para perder), abrindo espaço para ser ele o candidato ao Senado, caso reverta a decisão que o impede de concorrer eleitoralmente?

Quem conhece o modus operandi de Simão, sabe que ele não é um defensor fervoroso das relações partidárias. Seus interesses particulares sempre prevaleceram. O custo disso foi a derrota de sua estratégia em 2018, que afundou o PSDB, entregando o partido ao principal grupo político adversário. A ver.

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