Lira e a síndrome do pequeno poder

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Brasília é um antro natural de conflitos e embates por ser o centro do poder. O mais novo capítulo é a guerra que existia nos bastidores, mas que escalou publicamente, com os ataques do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, do PP, direcionados ao ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, secretaria com status de ministério, criada em 2005, para lidar com o fisiologismo (cada vez mais crescente do Congresso Nacional).

Como é sabido, Lira está em seu último ano à frente da Câmara Federal. Não terá direito à reeleição. Desde o fim do ano passado, o mesmo vem demonstrando certo comportamento que se enquadra perfeitamente na síndrome do pequeno poder, que segundo a psicologia, é uma atitude de autoritarismo por parte de um indivíduo que, ao receber um poder, usa de forma absoluta e imperativa sem se preocupar com as consequências e problemas periféricos que possa vir a ocasionar.

Sem meias palavras, o presidente da Câmara afirmou ontem que Padilha, é um “desafeto pessoal” e classificou de “incompetente” o responsável pela articulação política do governo. Em uma feira agroindustrial em Londrina (PR), Lira foi questionado sobre a votação que manteve a prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido RJ) e um suposto enfraquecimento de sua liderança. “Essa notícia foi vazada do governo e, basicamente, do ministro Padilha, que é um desafeto pessoal, além um incompetente. Não existe partidarização. Eu deixei bem claro que anteontem (quarta-feira) a votação foi de cunho individual, cada deputado responsável pelo voto que deu. Não tem nada a ver”, afirmou.

Lira também disse que considera “lamentável” que integrantes do governo “fiquem plantando mentiras”. “E, depois, quando o Parlamento reage, acham ruim.” Nos bastidores, deputados dizem que ele ficou contrariado com o que considerou ser uma interferência, sobretudo de Padilha, na análise da situação de Brazão, já que o ministro disse publicamente que o governo orientaria pela manutenção da prisão.

Segundo o site Poder 360: “Após a fala de Lira, Padilha compartilhou um vídeo no Instagram de um discurso do presidente Lula, na quarta-feira, elogiando seu trabalho. “O Padilha vai bater recorde porque é um ministro que está durando muito tempo no seu cargo e vai continuar pela competência dele”, diz Lula.

Padilha ganhou um defensor de primeira hora, Rodrigo Pacheco, presidente do Senado Federal: “ninguém é perfeito” e defendendo a “convergência”. “Temos que evitar esses problemas, né? O Brasil já tem muitos problemas. Precisamos buscar sempre as convergências. Ninguém é perfeito, mas ninguém é tão mal assim.”

Como dito, Arthur Lira vive a síndrome relatada. Um desespero que ressalta que o alagoano vê a ascendência que sempre teve sobre grande parte dos deputados escorrer pelos dedos. Lira sabe que a chance de fazer um sucessor na Presidência da Câmara fica cada vez mais ameaçada.

Imagem: reprodução Internet.

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