A morte súbita de Gustavo Bebbiano, ontem (14), em seu sítio no interior do estado do Rio de Janeiro, será mais um caso que entrará para as filas dos mistérios da República Federativa do Brasil. Ele sabia muito. Foi um dos principais responsáveis pela chegada de Jair Bolsonaro a Presidência. Tornou-se em pouco tempo, um dos mais próximos do então deputado federal, chegando a coordenar a sua campanha presidencial, além de ter sido presidente e maior articulador da ida de Bolsonaro ao Partido Social Liberal (PSL).
Por essa proximidade, quando o novo governo tomou posse, Bebbiano tornou-se ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República. Mas em poucas semanas após ocupar o referido cargo, foi exonerado por discordar de decisões e posturas do presidente e de seus filhos. Carlos, o 02, pediu a sua cabeça. Dai em diante, tornou-se desafeto do clã bolsonarista e de seus milhares de seguidores.
Há uma semana havia concedido entrevista ao programa Roda Viva, ocasião em que voltou a acusar o presidente de vários delitos na esfera política e cível. Contou detalhes dos bastidores da campanha presidencial, e deixou no ar (com percepção duvidosa) do fato ocorrido em Juiz de Fora, que culminou no esfaqueamento de Bolsonaro. Segundo Gustavo, no dia do ocorrido, foi a única vez que Carlos Bolsonaro acompanhou até ali presencialmente os eventos de campanha.
Bebbiano havia anunciado que estava negociando com uma editora a produção de um livro sobre os bastidores da campanha e do governo. Mostraria na obra, a família Bolsonaro a fundo, com relatos que até então não vieram a público.
Após a sua saída do governo, Bebbiano se desfiliou do PSL e ingressou no PSDB. Se colocava como pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro. Deveria ser um grande obstáculo aos Bolsonaro na “Cidade Maravilhosa”, mesmo esta sendo um grande reduto de quem apoia o presidente. O livro que deveria ser lançado nos próximos meses, poderia expor muitas situações não conhecidas e clarear outras que ainda estão embasadas. No mínimo seria polêmico e geraria crises no governo.
A causa morte de Bebbiano foi constatada em laudo por infarto fulminante. E, em menos de 24 horas do ocorrido, seu corpo foi velado e sepultado. Nessa rapidez impressionante, enterra-se o homem e com ele grandes segredos da República, que poderão nunca vir à tona. Gustavo disse que entregou cartas a diversas pessoas, e que, caso lhe acontecesse algo, pediu que fossem abertas. Aconteceu. Segredos serão descobertos após a sua morte? Mais um caso que enfileira os segredos da República e que alimentará diversas teorias conspiratórias. Ao clã Bolsonaro, menos um adversário da lista. A ver.