No último ano de sua gestão, Jatene melhorou o cumprimento de promessas. Porém, o cenário é de terra arrasada no quadro social

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Na campanha eleitoral de 2014, o Portal G1 deu início ao acompanhamento das promessas de campanha dos candidatos aos cargos do Poder Executivo. Portanto, todas as disputas estaduais, municipais (capitais) e a presidencial foram analisadas. O ponto de partida foi o Plano de Governo dos candidatos. Estava acordado que os vencedores (em reeleição ou não) teriam as suas promessas e ações em seus respectivos planos de governos monitorados e acompanhados durante a vigência da gestão para o qual foram eleitos ou permaneceram.

No final de cada ano, o portal lança os seus relatórios referentes ao processo avaliativo das gestões, finalizando com esse, seguindo os critérios de avaliação da seguinte forma:

– Não cumpriu ainda: quando o que foi prometido não foi realizado e não está valendo/em funcionamento.

– Em parte: quando a promessa foi cumprida parcialmente, com pendências.

– Cumpriu: quando a promessa foi totalmente cumprida, sem pendências.

Ou seja, se a promessa é inaugurar uma obra, o status é “cumpriu” apenas se a obra já tiver sido inaugurada; caso contrário, é “não cumpriu”. Se a promessa é construir 10 hospitais e 5 já foram inaugurados, o status é “em parte”.

No caso do Pará, o Portal G1 analisou as 29 promessas de campanha (que constavam no plano de governo) de Simão Jatene. O governador tucano cumpriu 13; obras em fase de execução, mas que não serão entregues somam outras 11 e as que nem saíram do papel chegam a 13. Portanto, ao fim de sua atual gestão, Jatene cumpriu pouca mais de 1/3 do que externou ao eleitor paraense.

Em janeiro do ano corrente, o blog fez a mesma análise tendo como base os números levantados referentes ao ano passado, vejamos: com todos os 27 governadores, incluindo o Distrito Federal para poder ter uma média avaliativa da gestão tucana no Pará. No comparativo, Jatene ficou em 10º lugar em número de promessas cumpridas. Desconta-se nesta estatística o estado do Amazonas (por conta de eleição suplementar que havia ocorrido três meses antes, portanto, sem parâmetro comparativo). Simão empatou no critério de promessas cumpridas (11) com o governador do Amapá, Waldez Goés (PDT). No critério de desempate (promessas em andamento), o tucano paraense tem uma a mais (11), o que lhe coloca em 10º lugar no ranking de 27 posições. Em contrapartida, Jatene ficou apenas em 17º lugar em números de ações ou projetos incluídos no plano governo (30 conforme o documento de campanha), portanto, abaixo de diversos outros programas.

Já os números recentes, os mais atualizados, finalizados no dia 30 de dezembro, o governo de Simão Jatene melhorou muito a sua posição no cenário comparativo nacional: ficando em quinto lugar no geral, a terceira melhor gestão da região Norte, segundo o ranking do Portal G1. Assim como no levantamento anterior, o governador mais bem avaliado do país é o do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). Seu índice de cumprimento do prometido em campanha chega aos impressionantes 90%.

O fim da dinastia tucana

O Pará foi governado pelo PSDB por 20 anos, dezesseis deles de forma ininterrupta. Houveram avanços, sobretudo, na infraestrutura do Estado (construção de novas alternativas, modais, mas a falta de manutenção nesses novos equipamentos incorporados à malha viária do Estado, pesam contra na avaliação). Por outro lado, os cinco governos do PSDB (dois de Almir Gabriel e três de Simão Jatene) não conseguiram promover melhorias significativas em áreas como Segurança Pública e Educação. Sem falar que os índices sociais do Pará durante essas quase duas décadas continuam vexatórios, haja vista pela continuidade do modelo de desenvolvimento “rabo de cavalo”.

Segundo dados levantados pelo Blog do Zé Dudu, em seus oito anos de gestão, Simão Jatene viu entrar nos cofres R$ 123 bilhões em receita corrente líquida, conforme informações levantadas junto ao Tesouro Nacional, com crescimento proporcional vultoso de arrecadação de 2011 (R$ 10,4 bilhões) para 2012 (R$ 12,7 bilhões) e de 2013 (R$ 13,3 bilhões) para 2014 (R$ 15,1 bilhões). Ainda sobre os números do blog no cruzamento entre o volume arrecadado e a qualidade de vida da população, o governo Jatene não atingiu (tendo como base o Orçamento Geral do Estado para 2019): Expectativa de vida, Renda média, Resgate da pobreza, Emprego e ocupação, Educação, Saúde, Saneamento básico e Segurança.

Simão Jatene sai (talvez da vida pública) apequenado. Seu índice de impopularidade ultrapassa os 70%, deixa no imaginário da população um governo ruim, de realizações que não mudou em nada a realidade de milhões de paraenses, quase metade ganha até meio salário mínimo por mês. Oito anos depois de ter retornado ao Poder Executivo paraense, Jatene deixa um cenário de terra arrasada no aspecto social e que poderá levar anos para que se comece a mudar essa triste realidade, herança da dinastia tucana.

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