No dia 06 de janeiro de 2021, o mundo acompanhava estarrecido o que acontecia em Washington, capital dos Estados Unidos. Apoiadores do ex-presidente republicano, Donald Trump, insatisfeitos com a derrota eleitoral do mesmo, e ainda questionando o resultado das urnas, invadiram o Congresso americano, oportunidade que acontecia a validação (procedimento praxe nos Estados Unidos) da vitória do democrata Joe Biden.
O mundo acompanhou estarrecido as cenas nunca antes vistas. A maior democracia do mundo estava em xeque, com a possibilidade de não cumprimento do rito legal democrático. À época, escrevi que o fato ocorrido lá, poderia ocorrer aqui, caso o então presidente Jair Bolsonaro (PL) perdesse a eleição, como de fato ocorreu. Diversos sinais foram dados que um grande ato terrorista poderia ocorrer.
Lá, Trump (até hoje nunca reconheceu a derrota) colocou em xeque o resultado eleitoral, o que fomentou manifestações e questionamentos de seus apoiadores. A invasão do Capitólio, que provocou a morte de cinco pessoas, centenas de feridas e destruição de patrimônio público, teve como saldo 900 pessoas presas e, até o momento, 150 condenadas.
Descendo a Linha do Equador, o que ocorrendo nos Estados Unidos, poderá ocorrer aqui, no Brasil? Se levarmos em consideração a postura do presidente Jair Bolsonaro (até por seguir claramente o perfil de Trump) está evidente, infelizmente, que sim. Assim como Trump, Bolsonaro segue a sua estratégia de “corroer” as instituições e colocar a todo momento em xeque a segurança de nosso sistema eleitoral. Está evidente que, em caso de derrota, em 2022, o presidente brasileiro não aceitará o resultado, que ele já acusa de fraude em sua eleição (mesmo vencendo a disputa).
Escrito em 08 de janeiro de 2021: “Não há dúvidas que os bolsonaristas irão ocupar os Poderes, em Brasília, caso Bolsonaro perca. O risco evidente que possamos reviver o que vimos em solo americano, semana passada. A questão é: o que está sendo feito ou ainda será feito para evitar isso? No caso de lá, os invasores que foram identificados, estão sendo presos e responderão criminalmente por seus atos. Em resumo, Day After da invasão ao Capitólio diz muito sobre como agir para evitar danos maiores. Não se protege o Estado democrático de direito com notas de repúdio, como se habituou fazer aqui. Se combate atitudes extremas com a imposição da Lei. Caso contrário, sem preparem para um 2022 no Brasil, em especial Brasília, com cenas muito piores do que o mundo viu em Washington”.
Brasília, 08 de janeiro
Desde quando Jair Bolsonaro (PL) perdeu a eleição que seus apoiadores montaram acampamentos em frente aos quartéis do Exército espalhados pelo Brasil. O objetivo, além de não reconhecer o resultado eleitoral, foi de pedir intervenção militar (transvertida de federal). Ou seja, esses manifestantes, hoje terroristas, esperavam que as Forças Armadas intervisse, evitando que o vencedor da eleição presidencial tomasse posse e um novo governo fosse constituído. A proposta era resistir.
O enredo que antecedeu ao terrorismo de ontem, 08, teve diversos capítulos anteriores, como a bomba instalada próximo ao aeroporto de Brasília, diversos artefatos explosivos em diversas vias da capital federal. O ato de ontem, que culminou com a invasão e depredação do Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Planalto foi, claramente, articulado e financiado. Vagabundos bolsonaristas, que tornaram-se terroristas, e promoveram um quebra-quebra nunca antes visto, nem, talvez, imaginado. O mundo ficou estarrecido com as imagens da Praça dos Três Poderes. Sabem que, Brasília é tombada como patrimônio histórico mundial, pela Unesco.
A resposta precisa ser enérgica, como, aliás, está sendo. Prisão em flagrante, posteriormente, identificação dos terroristas (quem promoveu quebra-quebra e os financiadores). O Day After é muito importante. A imediata desmobilização de todo e qualquer “acampamento” terrorista em frente aos quartéis, precisa ser feita o quanto antes.
Todo e qualquer artigo sobre esse assunto se tornará desatualizado em minutos, pois os fatos se desenrolam em uma velocidade impressionante, com decisões e comunicados a todo momento. Enquanto este artigo de opinião estava sendo produzido, o ministro do STF, Alexandre de Moraes determinou o afastamento imediato do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), bolsonarista de primeira ordem. Estava sob a sua responsabilidade a segurança de Brasília, que incluía, por exemplo, as instituições invadidas e depredadas.
Que a democracia seja protegida e que vagabundos terroristas possam sofrer a maior penalidade que a Lei os reserva. Não passarão!
Imagem: Folha – UOL.