Ontem (13) o senador Jader Barbalho que se resumia aos bastidores políticos, aos corredores de Brasília, resolveu subir à tribuna e fazer um discurso inflamado contra a operação Lava Jato. Segundo o líder peemedebista, a referida operação tem como objetivo derrubar o presidente Michel Temer e promover eleições indiretas, privilegiando o PSDB que já teria, segundo ele, escolhido o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para assumir a Presidência da República.
Jader criticou duramente as delações premiadas. Fez diversas citações: “Agora parece que temos Robespierres modernos nesse País, que resolvem estabelecer a lei da guilhotina penal, antecipada, sem direito de julgamento”, disse em referência a um dos principais nomes da Revolução Francesa. Jader relembrou, entretanto, que ao fazer uso da guilhotina sem julgamento, Robespierre assinou seu destino, sendo também guilhotinado anos depois, quando a revolução se voltou contra ele mesmo.
A atitude do político paraense (o que considero o maior em atividade) não foi à toa, ou simplesmente para defender o seu partido ou amigo Michel Temer. Jader vive a expectativa de ser “engolido” pela Lava Jato em diversas denúncias. E também defende interesses políticos e pessoais claros. Seu filho, Helder, é ministro de Temer. Controla o poderoso ministério da Integração Nacional. O cargo garante visibilidade e ações que podem impulsionar a candidatura do filho novamente ao governo do Pará, em 2018. Agora com maiores chances de vitória.
Se Temer cair e houver eleições indiretas. Possivelmente Helder não se manterá no primeiro escalão do governo federal. Essa situação será péssima para as pretensões políticas dos Barbalhos, fazendo “cair por terra” o favoritismo que Helder carrega hoje. Por isso, faz todo o sentido a fúria de Jader. Jatene sabe disso e já acompanha a possibilidade do seu partido deixar a base do governo federal. Esse cenário poderá ser expandido para outras diversas disputas estaduais.
A permanência de Temer é, sem dúvida, a oportunidade do sonho de Jader se tornar realidade: ter o filho, seu herdeiro político, governador do Estado do Pará, cargo político que Jader exerceu por duas vezes. A decisão poderá começar por Brasília.