A lógica de movimentação e produção de materiais entre os dois maiores veículos de comunicação do Pará, depende do que fazem ou fizeram os seus donos. Em determinados momentos, as ORMs (Organizações Rômulo Maiorana) e o Grupo RBA (Rede Brasil Amazônia) trocam de lugar. Atacam ou se calam, dependendo da ocasião. E é neste contexto dialético autofágico que a sociedade paraense, sobretudo, os que estão aos arredores da RMB (Região Metropolitana de Belém) formam opinião sobre diversos fatos, especialmente os políticos.
Na última quinta-feira (16) a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão nas casas e escritórios das pessoas investigadas de participação de esquemas fraudulentos no processo licitatório de construção do barramento do rio Xingu, através de uma operação batizada de Leviatã (nome bem sugestivo no que se refere ao objetivo da ação).
O principal jornal dos Barbalhos, o Diário do Pará, minimizou como pôde, na sua edição de ontem, sexta-feira (17), a operação realizada no dia anterior pela Polícia Federal, como se ela não tivesse qualquer importância (enquanto o adversário, O Liberal a ela dedicou três páginas cheias). O folhetim diário dos Barbalhos publicou uma nota minúscula, em lugar quase invisível, como para não deixar de registrar o fato, mas sem lhe dar a atenção devida.
Se o processo fosse ao contrário, a postura claramente mudaria. Todo e qualquer assunto que envolva Rômulo Maiorana Júnior, diretor-presidente das ORMs, relacionado com a Justiça, o Diário do Pará se debruça sobre o caso e o faz transbordar em suas páginas por dias. Nestes casos a cobertura é maçante e chega a quase ocupar um caderno inteiro no jornal dos Barbalhos.
E o leitor continua neste tiroteio verbal que já dura quase três décadas. Neste sentido todos perdem.