Perfuração da Vale provavelmente causou a tragédia em Brumadinho

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Estudo realizado e divulgado pelo Centro Internacional de Métodos Numéricos em Engenharia (CIMNE), entidade vinculada à Universidade Politécnica da Catalunha (UPC), aponta que o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão foi ocasionado devido a uma operação de perfuração que estava sendo feita na represa na data do sinistro. O estudo foi feito a pedido do Ministério Público Federal de Minas Gerais (MPF-MG). O assunto foi divulgado pela Folha de São Paulo.

Vamos relembrar esse triste fato que caminha para três anos do ocorrido…

Passava alguns minutos das doze horas da sexta-feira, 25 de janeiro de 2019, quando a barragem da Mina Córrego do Feijão rompeu e provocou uma avalanche de lama ao despejar 11,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos. A barragem localizava-se próxima a Brumadinho, 57 quilômetros de Belo Horizonte. Como em Mariana, em 2015, um mar de lama cobriu a área administrativa da Vale, o povoado, estradas e o rio mais próximo.

O desastre humano foi maior por conta do horário do rompimento da barragem, próximo ao meio-dia, portanto, hora de almoço. Muitos funcionários estavam no restaurante que foi a primeira estrutura ocupada a ser atingida pelo rejeito. Não, por acaso, infelizmente, foi lá que ocorreu a maior concentração de mortos. A tragédia completará em breve três anos. O fato levantou a discussão sobre a segurança de barragens no Brasil. Brumadinho foi o segundo rompimento em Minas Gerais em pouco mais de três anos (intervalo entre a tragédia de Mariana, em 2015, e o citado). No Brasil, há cerca de mil barragens.

A dimensão dessa tragédia anunciada, resultado de um modelo de mineração predatório adotado pela Vale, é também ambiental. Não há mais possibilidade de vida no rio Paraopeba ou até mesmo em suas margens, apesar de diversas ações reparatórias que foram anunciadas. Suas águas claras, após o crime da Vale, se tornaram um mar de lama, e mesmo quase três anos após o ocorrido, o rio continua impróprio para qualquer atividade.

Pouco tempo após a tragédia, através de investigações, descobriu-se que a Vale foi alertada sobre falhas nos procedimentos de controle e manutenção da barragem que se rompeu em Brumadinho, mas omitiu as informações para a população. Em seu Relatório de Impacto Ambiental, apresentado em 2017, a empresa cortou uma tabela importante que alertava para os riscos, produzida para um relatório de 2015. O documento de 2015 é o mesmo que serviu de base para a versão mais recente, de 2017, apresentado sem as informações sobre os riscos da barragem.

Os problemas foram identificados por uma consultoria contratada pela mineradora, a empresa Nicho Engenheiros Consultores Ltda, uma firma de Belo Horizonte com atuação nesse mercado desde 1990. O site Intercept à época conversou com o dono da Nicho, o engenheiro Sérgio Augusto da Silva Roman, que assinou o estudo de impacto de Brumadinho como responsável técnico. A Vale precisava dos laudos para expandir a mineração em Brumadinho.

Além do que foi relatado, agora mais esse fato novo relatado pelo estudo que é extremamente grave e aumenta ainda mais a responsabilidade da mineradora, caso seja comprovado que a tragédia foi causada por uma operação de perfuração na barragem. Agora, de posse dessas novas informações, o MPF deverá avançar sobre o caso. Vamos aguardar os desdobramentos.

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