O peso negativo do “fator Darci” na eleição de primeiro turno

No fim de agosto, escrevi texto sobre o papel do prefeito de Parauapebas, Darci Lermen, na campanha eleitoral (Leia Aqui). À época, analisei que a baixa popularidade, oriunda de uma péssima gestão no Palácio do Morro dos Ventos, poderia influenciar negativamente os números de Helder Barbalho na capital do minério. Com o balanço final divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a desconfiança tornou-se real.

Em Parauapebas, a diferença entre o candidato do MDB, Helder Barbalho, e o candidato do DEM, Márcio Miranda, ficou em pouco mais de seis mil votos (40.824 contra 34.378), favorável ao ex-ministro. No primeiro turno de 2014, Helder venceu no município com diferença superior a 20 mil votos do então candidato à reeleição e atual governador Simão Jatene.

Eis que agora o prefeito Darci Lermen, sem dúvida, entregou “encomenda” muito inferior ao pedido. Com uma poderosa máquina pública nas mãos, além de ser um exímio articulador político, o mandatário ficou aquém da influência que poderia exercer na disputa eleitoral. Ou simplesmente não quis exercer, bem ao seu estilo de não promover politicamente o entorno.

Nem mesmo o candidato a deputado estadual “oficial” do Palácio do Morro dos Ventos, Wenderson Chamon, o Chamonzinho, conseguiu votação considerável em Parauapebas. Não ultrapassou sequer a barreira dos 10 mil votos. A sua expressiva votação (mais de 63 mil votos, sendo o quinto mais votado em todo o Pará), foi alcançada majoritariamente fora da “cordilheira de ferro”, mediante a tática de pulverização eleitoral. Chamonzinho registrou votos em 116 municipalidades paraenses, sendo parlamentar estreante mais intermunicipal das eleições 2018. Na prática, o ex-prefeito de Curionópolis nem precisaria dos votos de Parauapebas para se eleger.  Outro candidato palaciano, embora não oficial, Marcelo Parceirinho também conseguiu quase 10 mil votos em Parauapebas. A diferença que o supera do candidato “oficial” do Executivo local foi de somente 200 sufrágios aproximadamente.

Diante desse panorama, não há dúvidas de que a má gestão promovida por Darci Lermen em seus 22 meses de governo fomentou tal cenário desfavorável a quem ele apoiou, direta e indiretamente. Além de atestar seu índice de aprovação sofrível, o prefeito da capital do minério ganhou de brinde a comprovação de sua rejeição perante a maioria da sociedade parauapebense.

Helder Barbalho venceu em Parauapebas, mas foi uma vitória “miada”, por diferença mínima, especialmente considerando-se que o candidato que está em campanha há anos e que entregou diversas obras no município, sem contar o fato de ter o apoio do prefeito e de uma poderosa e invejável máquina pública.  A questão que se apresenta é: em que dimensão eleitoral a impopularidade de Darci Lermen poderá afetar o candidato Helder Barbalho no segundo turno? Até o momento, parece que ambos estão distanciados. Será algo acertado? Helder quer evitar associar a sua imagem à de um gestor atualmente impopular?

A estratégia do Palácio do Morro dos Ventos será alterada? Darci dará uma resposta aos Barbalho no segundo turno? Ou confirmará – mais uma vez – o vexame que está sendo a sua gestão, agora refletido nas urnas? A conferir.

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

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