Por uma gota de humanidade

Hoje, 16, completam dez dias de guerra. Quatro mil pessoas entre palestinos e israelenses perderam a vida. A tendência é que o conflito se torne mais mortal, sobretudo, aos que moram na Faixa de Gaza, território controlado pelo Hamas, e que deverá ser ocupado pelas tropas israelenses nos próximos dias. Israel confirmou que a ofensiva de suas tropas se dará por terra, água e pelo ar. O objetivo é ter o controle da citada faixa de terra que é margeada pelo mar mediterrâneo, nem que isso provoque uma carnificina.

Claramente, as tropas israelenses perderam a “mão” em sua contraofensiva. O mundo assiste a uma guerra desproporcional entre os lados. O poder de fogo do Hamas causou grandes baixas a Israel, mas se deu muito mais por falha da inteligência e do sistema de segurança das autoridades israelenses do que, necessariamente, grande poder de fogo do citado grupo sunita.

A guerra parece que está longe de acabar. Pelo contrário, parece que terá novos desdobramentos, com a possibilidade de entrada de outros atores como o Hezbollah, que promete entrar no conflito após misses israelenses terem atingido alvos no Líbano e na Síria. Israel poderá ter que combater nos próximos dias em três frentes: Faixa de Gaza contra o Hamas; Cisjordânia contra o Fatah, e ao Norte nas fronteiras sírias e libanesas contra o Hezbollah.

Por ser professor de geografia, e ter me dedicado bastante aos assuntos de geopolítica, portanto, o tema Oriente Médio sempre esteve em meu radar, gozo de relativo conhecimento dos conflitos que permeiam a região desde a criação do Estado de Israel, em 1948.

O que estamos, infelizmente, acompanhando é, talvez, um dos capítulos mais sangrentos da Faixa de Gaza, desde as Intifadas que começaram em 1987, e que culminaram na criação do Hamas no ano seguinte. Não há, até o momento, a criação de corredores humanitários, que possibilitariam que inocentes possam deixar o local do conflito em mais segurança. A ausência destes locais de “escoamento” populacional, poderão criar um verdadeiro genocídio do povo palestino.

A narrativa da opinião pública vem mudando de rumo. As ofensivas israelenses consideradas por muitos desproporcionais à Faixa de Gaza, vem produzindo certo repúdio da comunidade internacional, o que aumenta a pressão sobre Israel.

Há movimentos que buscam criar um canal de intermediação em direção a um cessar fogo entre as partes. Nesse movimento, o Brasil está inserido, ainda mais por conta que hoje o nosso país está na presidência temporária do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Há uma questão interna: Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro de Israel, que deixou de ter um apoio maciço da população por discordância da forma como a guerra está sendo conduzida, parece ser um ponto de inflexão neste processo, em que a extrema-direita assumiu o poder no país judaico.

Se as negociações em busca da paz não avançarem, a guerra será longa e irá aceifar milhares de vidas inocentes. Segundo a Unesco, em Gaza 700 crianças perderam a vida nos ataques israelenses. E essa matemática macabra só aumentará, infelizmente.

Imagem: Isto É. 

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

#veja mais

Congresso deve promulgar reforma tributária ainda em 2023

Considerada uma das agendas prioritárias do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o segundo semestre legislativo, a Proposta de Emenda à

Eleições 2022: debate virou um deserto de propostas

Para quem foi dormir lá pelo meio da madrugada por conta de debate presidencial, a frustração é evidente. As horas de sono perdidas para assistir

CMP: Vereadores aprovam lei que estabelece critérios para os concursos públicos no município

A partir de agora, os certames realizados pelo poder público municipal devem, obrigatoriamente, conter questões de conhecimentos sobre a realidade étnica, social, histórica, geográfica, ambiental,

Eleições 2024: os apoios de João Campos e Dr. Furlan à campanha de Igor Normando. A “pisa”. Tem método

Na noite de ontem, 21, cerca de 20 mil pessoas se reuniram na Aldeia Amazônica para participar do comício de Igor Normando. Deputados estaduais, federais,

Eleitorado de Parauapebas ultrapassa o de Marabá

De acordo com a estatística mais recente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Parauapebas se tornou o município do sudeste do Pará com o maior número

CMP aprova suplementação orçamentária ao governo Valmir

Como esperado, sem surpresas, repetindo o mesmo procedimento de anos anteriores, governo Valmir, solicitou à Câmara de Vereadores, autorização para crédito suplementar adicional. Na sessão