Projeto S11D: o mais novo capítulo da odisseia amazônica

A Vale informou publicamente que na última sexta-feira (09) obteve a Licença de Operação (LO) para a mina e usina do seu maior projeto mineral: S11D. Vencida a referida etapa de liberação, a mineradora está autorizada pelo referido órgão ambiental a iniciar a operação na área. Terá validade por 10 anos. A LO foi concedida após todas as verificações de atendimento de condicionantes após a Licença de Instalação (LI), em 2013. Um ano antes, em 2012, a mineradora havia conseguido a Licença Prévia (LP).

A Vale anunciou que inicia as operações em janeiro do próximo ano, ou seja, dentro de três semanas no máximo. O maior projeto mineral em solo brasileiro está situado em Canaã dos Carajás, sudeste paraense. Os investimentos totais são de US$ 14,3 bilhões – US$ 6,4 bilhões, aplicados na implantação da mina e da usina e US$ 7,9 bilhões, referentes à construção de um ramal ferroviário de 101 quilômetros, à expansão da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e à ampliação do Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, em São Luís (MA).

Para fins geológicos, o S11D é apenas um bloco do corpo que foi dividido em quatro partes: A, B, C e D. O potencial mineral do corpo S11 é de 10 bilhões de toneladas de minério de ferro, sendo que só o bloco D possui reservas de 4,24 bilhões de toneladas. As primeiras sondagens na região datam dos anos 1970. No início dos anos 2000, foram feitos os primeiros estudos de capacidade técnica e viabilidade econômica, que levaram à atual configuração do projeto

A estrutura da mina e da usina de processamento de minério de ferro conta com três linhas de produção – cada uma com capacidade de processamento de 30 milhões de toneladas/ano. O minério será lavrado a céu aberto e levado da mina até a usina por meio de um Transportador de Correia de Longa Distância (TCLD).

Portanto, a capacidade de produção anual deverá chegar a 90 milhões de toneladas. Em grau comparativo a produção da Vale (previsão do volume total exportado para o ano corrente) deverá ficar entre 340 a 350 milhões de toneladas, um novo recorde. Isso sem a soma da produção do S11D. O que as minas da Serra Norte, em Parauapebas levaram anos para atingir a produção de 90 milhões de tonelada, o projeto em Canaã, na Serras Sul, já partirá desde o seu início com o referido montante. Imaginem daqui há uma década?

E nos prognósticos dos técnicos da mineradora, a estimativa aponta para uma produção entre 400 milhões e 420 milhões de toneladas em 2018; 400 milhões a 430 milhões de toneladas em 2019 e entre 400 milhões e 450 milhões de toneladas em 2020 e 2021. Aceleração da exploração mineral assusta até quem é da área. De forma feroz, a Vale acelera a sua produção, batendo sucessivos recordes. Esse se tornou o dilema amazônico, sem o seu devido debate e discussão. A Cefem (mesmo em queda) parece entorpecer a classe política regional e a ampla maioria dos habitantes de Carajás.

É desta forma que inicia mais um capítulo da odisseia amazônica. Como diria o jornalista Lúcio Flávio Pinto, um dos maiores estudiosos sobre a referida região: “Amazônia é ainda encarada como uma página ainda incompleta, ainda esperando para ser escrita”. Isso, talvez, possa explicar o seu intenso processo de ocupação e exploração. Algo nunca visto em qualquer parte do planeta. O S11D é só o início de mais um capítulo de um livro extenso e que não se sabe quando será a sua, talvez, última página ou se as considerações finais será reservada para as lamentações.

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

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