Em mais uma matéria da série #TBTdoBlog, um outro capítulo da recente história política, agora do Pará, Parauapebas é apresentado. O ano era 201o, precisamente outubro, quando um improvável apoio aconteceu e que foi o ponto marcante do processo eleitoral daquele ano. Não pelo resultado, mas por sua incoerência. Vamos relembrar essa importante passagem de nossa recente história política.
No ano de 2010, a política paraense quase entrou em parafuso por conta de um movimento, que até então seria impensável: um tucano (PSDB) apoiando uma candidatura petista. O improvável aconteceu. No dia 15 de outubro de 2010, o ex-governador do Pará, Almir Gabriel (já falecido), decidiu apoiar o projeto de reeleição de Ana Júlia Carepa, que à época, disputava o segundo turno contra o ex-governador Simão Jatene (PSDB), eleito ao governo em 2002, com apoio de Gabriel.
Simão não disputou a reeleição, em 2006, por conta de briga interna com Almir, que resolveu se lançar (com Jatene lavando as mãos) naquele pleito ao governo, perdendo a disputa para Ana Júlia, que contou com ajuda determinante do senador Jader Barbalho (PMDB, à época) e do governo federal.
A partir de 2007, Almir Gabriel e Simão Jatene cortaram relações, fazendo com que um dos fundadores do partido no Pará batesse em retirada para um período de reclusão em Bertioga, interior de São Paulo. Jatene ficou no Pará e montou a sua tropa de choque oposicionista ao governo petista.
Quatro anos depois, tendo uma gestão altamente questionada, Ana Júlia chegava à disputa eleitoral de 2010, com certa fragilidade política, mantendo a incerteza se continuaria no então Palácio dos Despachos (sede do governo à época). Jatene venceu no primeiro turno com 48,92% dos votos válidos (quase liquidando a fatura); enquanto a petista chegou a 36,05% dos votos válidos. Ou seja, Ana Júlia precisaria reverter um difícil cenário eleitoral em pouco mais de três semanas, sem o então PMDB como aliado, que lançou como candidato Domingos Juvenil, à época ex-prefeito de Altamira.
No Quartel General (QG) da campanha petista era evidente a sensação de derrota. Até que, no dia 15 de outubro, faltando duas semanas para a eleição de segundo turno, o ex-governador Almir Gabriel anunciou o apoio à candidata Ana Júlia. Esperava-se que o apoio do então maior representante do PSDB em solo paraense, possibilitasse uma recuperação da petista nas pesquisas. O combo do tucano mor ainda vinha com ácidas críticas a Simão Jatene, chamado de “preguiçoso” por Gabriel.
Em suma, na prática, o apoio de Almir Gabriel não surtiu o efeito desejado. Para alguns agregou pouco; para outros, tirou votos da petista. O resultado foi a derrota de Ana Júlia e o retorno de Simão Jatene ao governo, em que seria eleito mais uma vez (2018).
O ex-governador Almir Gabriel, morreu aos 80 anos, em 2013. À época estava filiado ao PTB.
Imagem: Blog da Franssinete Florenzano.