Antes de começar a discorrer sobre a escolha de Hana Ghassan para ser candidata a vice-governadora na chapa de reeleição de Helder Barbalho (MDB), vale o registro sobre o termo usado no título deste artigo. Tecnocrata é o individuo de formação essencialmente técnica que ocupa uma posição de poder. Ao se ter acesso à formação e atuação profissional (ambos apresentados pelo próprio governador ao anunciar a sua ex-secretária como a sua vice), o termo se encaixa perfeitamente.
Hana é essencialmente técnica. Uma elogiável auditora fiscal da Fazenda estadual há 30 anos, sendo a principal componente da equipe técnica de Helder há quase duas décadas. Talvez lhe falte um certo traquejo político, o que tende a incorporar na convivência com Barbalho.
Conforme análise que o Blog do Branco vem fazendo há meses sobre o fato mais importante das eleições no Pará, em 2022: a escolha do vice de Helder. Tudo porque, conforme dito em outros artigos, o nome escolhido assumirá o governo do Pará, em 2026, quando o mandatário estadual deixará o cargo para concorrer ao Senado Federal, no lugar de seu pai, o senador Jader, que tende a deixar a vida pública ao fim de seu mandato.
Ghassan é, de fato, desconhecida pela esmagadora maioria da população paraense. Helder sabe disso. Mas sabe também que terá a campanha – curta, diga-se de passagem – para promover a sua vice. Seguindo a lógica, o governador colocará a sua vice sob intensos e permanentes holofotes durante a próxima gestão, caso queira que a mesma dispute a reeleição. Tal postura de desprendimento de Helder – um ator político extremamente personalista – exigirá do mesmo muito esforço e mudança de postura.
A escolha de Helder em ter como vice uma pessoa de seu próprio partido, era algo esperado e que o mandatário estadual trabalhou para que isso fosse possível (haja vista que compõe uma parte de sua estratégia política). Sua popularidade em alta e a boa avaliação de seu governo, permitiram a escolha caseira em detrimento aos aliados políticos.
Neste primeiro momento, tendo como parâmetro o confortável cenário político-eleitoral em que Helder se encontra, o vice, atualmente, não é importante (diferente das eleições de 2014 e 2018). Passará a ter relevância quando o próximo mandato começar. Por isso, o desconhecimento do eleitorado em relação ao nome escolhido chega a ser irrelevante. Helder terá quatro anos para fazer Hana Ghassan conhecida. Menos tecnocrata e mais política.
Imagem: Portal Guarany Júnior.