No último dia 19, a mineradora Vale divulgou, como de praxe, o seu balanço trimestral, neste caso, o terceiro de 2017 (3T17). O documento trouxe um panorama sobre as operações da empresa durante o período. A mineradora atingiu o recorde de 95,1 milhões de toneladas na produção de minério de ferro no terceiro trimestre, índice superior em 3,3 milhões por tonelada em comparação com o balanço anterior trimestral. Os resultados podem ser creditados, principalmente, à melhor performance operacional no Sistema Norte e ao S11D.
No relatório fica claro que os volumes de venda no trimestre analisado foram menores do que a produção no período. Ou seja, se produziu mais e se vendeu menos. Consequentemente, os estoques aumentaram. Mesmo assim, os resultados foram melhores. Favoravelmente à questão do aumento da produção está o fator climático. Índice pluviométrico baixo favorece à mineração.
Os relatórios trimestrais são indicativos da mineradora ao mercado, por isso, são analisados em detalhes. No documento divulgado, a Vale informou que a produção de minério do ano corrente ficará inferior à faixa inicialmente projetada de 360 milhões a 380 milhões de toneladas. O que indica que no quarto e último trimestre de 2017, a Vale poderá reduzir a produção (como consequência natural do início do período do inverno amazônico), procurando não formar grandes estoques (apesar da tímida recuperação da demanda por ferro, especialmente vindo do mercado Chinês). Se o preço da tonelada de minério de ferro subir alguns dólares nas próximas semanas, mesmo com a produção inferior ao ano anterior, os lucros se manterão dentro de níveis satisfatórios.
Uma semana depois do relatório de produção trimestral (3T17), a Vale divulgou no último dia 26, o seu resultado financeiro referente ao terceiro trimestre de 2017. Entre os resultados positivos do período, estão o lucro líquido de R$ 7,1 bilhões e o aumento de 54% na geração de caixa em relação ao trimestre anterior. Em seu site a Vale informa que o seu EBITDA ajustado foi de US$ 4,2 bilhões. Com isso, a dívida caiu para US$ 21,1 bilhões. E o que seria EBITDA? Segundo sites especializados em contabilidade e balanços corporativos, a sigla representa em linhas gerais a geração operacional de caixa, ou seja, o quanto a empresa gera de lucros apenas em suas atividades operacionais, sem levar em consideração os efeitos financeiros e de impostos. Segundo o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores, Luciano Siani Pires, o resultado expressivo na geração de caixa se deve a quatro fatores:
- Recuperação dos preços no mercado internacional;
- Melhor realização de preços devido ao minério de alto teor de Carajás;
- Redução de custos;
- Aumento de volume de produção.
Segundo o diretor, o desempenho operacional foi bastante positivo. A Vale bateu recordes de produção de minério de ferro, na produção de carvão e na produção de cobre na mina de Salobo, no Pará. No minério de ferro, da mina de S11D foi um dos principais fatores para o resultado. O desempenho vindo da Serra Sul diz respeito ao ótimo nível de produção inicial no S11D, mais rápido do que o tempo esperado de crescimento gradual da produção, até alcançar sua estabilização, que deveria ser só em 2020, mas deverá ocorrer – pelo menos – um ano antes, ou, quem sabe, já no meio de 2018.
O alto escalão da mineradora está satisfeito. Os resultados são de comemorar dentro de um cenário de recuperação econômica mundial e com a contínua retração do mercado chinês. Aliado aos números de produção e consequentemente lucro estão a restruturação que a mineradora vem promovendo internamente. A diminuição dos custos de pessoal é evidente, além da diminuição numérica. Há, para quem fica nos quadros efetivos, a redução de amplos benefícios que eram pagos.
O relatório de produção do quarto bimestre, que fechará o ano, poderá indicar a leve diminuição do volume total de produção de minério. Mas isso não significará redução de lucro. Por isso, é certo afirmar: “A VALE que vale cada vez mais”.