Alckmin e o “centrão”: a sua “faca de dois gumes”

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Conforme vem sendo analisado por este blog, a situação político-eleitoral do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), é incômoda sob o ponto de vista eleitoral. Todas as pesquisas apresentavam o tucano em quarto (sem apresentação do nome de Lula) e quinto (com o petista na disputa). Em nenhum levantamento, nem os de consumo interno do partido, Alckmin aparece na casa dos dois dígitos.

Mas o ex-governador do estado mais rico do Brasil sempre teve – ao ser questionado pelo seu desempenho pífio nas pesquisas – a justificativa de que, quando a campanha começar, quando o programa eleitoral estiver rodando, iria crescer e chegar ao segundo turno. Antes disso, teria que agregar partidos, de olho no seu crescimento de exposição, além de enfraquecer os adversários.

No pleito presidencial de 2018, existe um componente novo, chamado de “centrão” por uns; “blocão” por outros. As referências são a junção de inúmeras legendas partidárias de pequeno e médio portes e que sempre ficam na órbitas dos grandes partidos. DEM, PP, PR, PRB, Solidariedade, são as legendas que estão à frente deste processo.

O que está se acostumando a chama de “centrão”, sob o ponto de vista ideológico, não faz sentido. O direcionamento de ação destas legendas se posiciona à Direita. Talvez, por uma questão de estratégia eleitoral, queiram se apresentar como centro-direita ao eleitor.

Com o acordo do referido bloco ao tucano Geraldo Alckmin, o candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, terá pouco mais de quatro minutos de exposição para cada bloco de 12 minutos. O que – na prática – lhe garante 1/3 do tempo total. Como exemplo comparativo (ainda não fechado por conta do prazo ainda vigente de coligações), Jair Bolsonaro e Ciro Gomes (hoje os principais adversários de Alckmin), poderão ter oito e trinta e três segundos, respectivamente na campanha.

Como nem tudo são flores, o apoio conseguido por Alckmin, tem um alto custo político-eleitoral, sobretudo ao que diz respeito ao desgate e ataques que sofrerá por ter se aliado a um grande grupo, com muitos líderes acusados de corrupção. O que pode jogar o tucano na “vala comum dos malfeitores”. Alckmin já vem sofrendo diversas acusações de ilicitudes em suas gestões no Palácio dos Bandeirantes, especialmente em obras de infraestrutura, como o metrô e a ampliação da malha rodoviária do chamado “Rodo Anel”.

Outra questão é a ligação da imagem -pelo eleitor – de Alckmin ao governo Temer. Pois o chamado “centrão” e todo o seu fisiologismo é a base de sustentação do governo federal. Portanto, ao eleitor, Alckmin poderia ser o candidato indireto de Temer, e isso teria um peso negativo a sua candidatura.

A sua saida enquanto candidato é copiar os costumeiros “chavões” do campo mais à esquerda, como – de fato o tucano já começou a fazer – ao afirmar que irá combater as “grandes corporações”. O que no caso de Alckmin não passa de bravata.

Resta saber se todo o impulso político-eleitoral na prática o colocará no segundo turno, ou poderá ser no decorrer da disputa a “pedra em seu sapato”. Isso vai depender da atuação dos seus adversários. O que não se pode negar que o tucano passou a ser um dos favoritos a uma das duas vagas ao segundo turno.

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