Estava claro, mais do que evidente que o bolsonarismo iria desembarcar do PSL, após a estabilização política com o fim do processo eleitoral. Como já dito aqui em diversos artigos sobre o tema, ou o clã Bolsonaro controlaria a citada legenda, ou iria abandoná-la. Recentemente abordei a relação entre ambos, e disse que a tendência seria, de fato, a ruptura. O bolsonarismo é muito maior do que o PSL, e o partido a esta altura já havia cumprido o seu papel: acomodar institucionalmente o movimento político liderado por Jair.
O controle dos pomposos milhões do fundos partidário e eleitoral do PSL, era apenas uma manobra para forçar a saída. Na semana passada, nas dependências do Palácio do Planalto, o presidente anunciou a um grupo grande de parlamentares do PSL que o apoia, a sua saída e, de quebra, convidando os presentes a segui-lo. Existe ainda questões de ordem jurídica sobre o caso como, por exemplo, a manutenção de mandatos e acesso à recursos, aqui já citados. A questão é – já adiantado aqui – o que será ou restará do PSL, sem os Bolsonaro e apoiadores destes? A médio prazo o partido iria voltar a ser um nanico? Haverá vida político-eleitoral após a ruptura?
A sua futura casa (a nona em 30 anos de vida pública), o presidente Jair Bolsonaro a chamou de “Aliança pelo Brasil”. A proposta é agilizar ao máximo os ritos legais de criação de uma nova legenda, a tempo de disputar as eleições municipais do próximo ano. O que seria, de quebra, um duro golpe eleitoral ao PSL, que já vinha se preparando para ser um dos maiores vencedores nas municipalidades brasileiras.
Calcula-se hoje que a saída do presidente e de dois de seus filhos do atual partido, levaria metade da bancada de deputados, hoje a segunda maior da Câmara, com 53 parlamentares. Portanto, o chamado Aliança Pelo Brasil, já nasceria grande, com representatividade, com musculatura eleitoral, e sendo o partido da família Bolsonaro, uma instituição de cunho personalista, algo inédito na política brasileira. Uma legenda criada e tendo como finalidade atender aos interesses de uma família. Assim, o bolsonarismo mostra a sua força, a sua presença, e que parece se firmar como uma grande estrutura.
Além desse rumo ao personalismo, a exemplo do PT, em relação ao Lula, o Bolsonarismo se prepara para a polaridade que tende a aumentar, se aprofundar com o ex-presidente solto, nas ruas. Até o momento Bolsonaro não tinha um movimento forte de oposição, tende agora a ter e, para isso, precisa se fortalecer para além do suporte digital (o seu forte). PSL é passado, agora o Bolsonarismo e seus apoiadores terão uma casa nova, um novo recinto, totalmente voltado aos interesses do clã. O personalismo em sua plenitude.