Ciro e o voto útil

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Antes de qualquer coisa, mesmo sem efeito no direcionamento deste artigo, vale o registro que Ciro Gomes (PDT) é o mais bem preparado entre todos os candidatos que disputam o Palácio do Planalto. Isso é indiscutível, até para os que não votam no ex-governador cearense, reconhecido por seu preparo até por seus adversários e respectivos eleitores.

Por que então, o mais bem preparado, o que teria maior capacidade – até pelo extenso currículo político – não consegue deslanchar nas pesquisas, chegar, por exemplo, ao segundo turno sempre que disputa uma eleição presidencial?

Assim como escrevi em 2018, novamente, Gomes ficará pelo caminho em sua quarta tentativa de chegar ao posto político mais alto do país. No campo que se acostumou chamar de “Terceira Via”, ele é o mais bem colocado. Em outubro de 2021, escrevi um artigo sobre Ciro, afirmando que ele precisava “envelhecer”, para que assim, buscasse outra postura, já que, a que demonstra há anos, não lhe serve para governar o Brasil. Poucos tiveram a trajetória do cearense, que nasceu no interior de São Paulo. Mas, como sempre, repetindo o que sempre aconteceu em disputas anteriores, se perde por seu temperamento.

Essa eleição, em particular, não permitiu que nenhuma outra candidatura conseguisse espaço dentro da polaridade criada entre o ex-presidente Lula (PT) é o atual, Jair Bolsonaro (PL). O petista, diga-se de passagem, lidera com folga, tendo chance de vencer em primeiro turno, segundo alguns pesquisas.

Ciro disputa o cargo máximo da política brasileira pela quarta vez. Nesta atual disputa, sua musculatura eleitoral atrofiou. Está menor. Os mais recentes levantamentos colocam o ex-ministro com 6% das intenções de voto; em outras, o pedetista soma 9%. Portanto, ficará mais uma vez pelo caminho. Resta saber se irá a Paris, como fez na eleição de segundo turno, em 2018.

A margem de eleitores de Ciro ainda pode diminuir. Nessa altura do campeonato, há um componente que precisa ser levado em consideração: voto útil. Na prática, seria a mudança de voto para o candidato que tende a vencer a disputa eleitoral. Se Lula herdar grande parte das intenções de voto em Ciro, praticamente fará o petista encerrar a disputa no dia 02 de outubro. De quebra, poderá fazer o político que nasceu paulista e fez carreira no Ceará, encerrar de vez a sua tentativa de ser presidente.

Ciro Gomes é, sem dúvida, um dos maiores desperdícios da política brasileira. Sua desidratação política é resultado muito mais de suas atitudes e escolhas do que o seu preparo. A tendência é que continue a cair nas pesquisas e sua intenção de voto, em parte, migre para Lula. No Brasil, muitos eleitores não gostam de “jogar voto fora”. A ver.

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