A eleição municipal se aproxima, e com ela todo o jogo político que irá ocorrer já emite sinais. Nos bastidores há movimentos (falsos ou não) que darão o enredo ao processo. Ele gira e se desenrola tendo como peça principal dentro deste tabuleiro, a figura do prefeito Darci Lermen. O referido mandatário municipal é quem ditará o ritmo. Neste contexto, há algo concreto e perceptível: a baixa popularidade de Darci. Sua gestão, a terceira à frente do Executivo municipal, é mal avaliada, abaixo do esperado até por seus adversários.
Darci estaria, portanto, nesta lógica, fragilizado politicamente? A ponto de perder a próxima disputa eleitoral? Há narrativas que o próprio deixaria de ser o candidato e lançaria outro nome, para diminuir o risco de derrota. O período é de especulação, e ela é de toda ordem, faz parte do jogo. O que se sabe na prática é que (fragilizado em baixo ou alto nível), Lermen tem sob o seu controle uma poderosa e pujante máquina pública, que detém um dos maiores orçamentos do Norte do Brasil, entre os municípios, o segundo maior do Pará, atrás apenas da capital Belém. E isso, portanto, inegavelmente faz a diferença em um processo eleitoral.
Outro ponto relevante do debate é: há tempo para que Darci consiga reverter esse quadro negativo de sua imagem? Tal pergunta foi levantada por este Blog, poucos meses antes da eleição de 2016. A análise era outra, tinha como objeto outro personagem: Valmir Mariano, que enfrentava – em nível próximo do que o do atual mandatário – um alto índice de rejeição. Meses antes da eleição, foi montado – como está sendo agora – uma verdadeira operação para salvar o mandato. No caso de Mariano, não funcionou, ele perdeu, não conseguindo, portanto, se reeleger. E agora? Darci conseguirá também? Terá a oportunidade de governar Parauapebas pela quarta vez? Ou repetirá o destino de seu antecessor?
Os bastidores do Palácio do Morro dos Ventos já anda bem movimentado. Do lado do atual prefeito, a campanha já começou, e essa antecipação faz sentido, além de ser necessária, pois visa diminuir a alta rejeição. E essa pretensão poderá ser tornar realidade com o pacote de obras que estão em curso e ainda por serem licitadas. Darci bem ao seu estilo de fazer política, deixará quase todas as promessas de campanha para serem executadas em seu último ano. Resta saber se a população continuará a validar tal modus operandi do atual mandatário municipal.
A questão é: por que mesmo após diversas mudanças, troca de secretários, diminuição das amarras de campanha, que inegavelmente engessaram o governo, a atual gestão ainda (com exceção de poucas áreas) continua deixando a desejar? Governar Parauapebas tornou-se algo do mais alto nível de complexidade. O município cresceu, se expandiu e concomitantemente a isso, suas demandas e problemáticas. Será que os agentes públicos estão à altura de tal complexidade gerencial? Talvez esta seja a resposta (não a única), mas que pode explicar o por que do atual nível de insatisfação da sociedade com a gestão. Essa questão foi antecipada pelo Blog logo que o governo foi anunciado. Os acordos políticos precisavam serem cumpridos. E isso, de certa forma, travou a gestão, conforme analisado em diversos artigos sobre o tema.
Verdade seja dita: Darci é o mais habilidoso agente político que Parauapebas produziu em seus 34 anos. Sabe como poucos gerenciar um processo político, é notadamente habilidoso. A questão gerencial é outra história. Mas ele sabe, por exemplo, promover crise para sair melhor dela; como se diz no trocadilho popular: “desarrumar para arrumar a seu modo”. Por isso, multa cautela aos que afirmam que Lermen está morto politicamente, ou que a sua reeleição está perdida. Quem, por exemplo, da oposição conseguirá vencer Darci? Em densidade eleitoral, talvez o ex-prefeito Valmir Mariano. Os outros nomes que aparecem, seguem o ritmo do manual político-eleitoral: lançam-se, criam visibilidade, valorizam o “passe” e depois se retiram. Tática antiga, mas que faz parte do jogo político. A oposição ainda não conseguir criar uma narrativa que aglutine forças. Caminha para uma pulverização de candidaturas (o que para Darci é ótimo, e que poderá ser uma tática usada por Lermen, ao – quem sabe – bancar candidaturas dentro do seu campo de apoio).
Em relação à percepção coletiva, a questão é: seria viável manter Darci na prefeitura? Lhe garantir um quarto mandato? Tendo como base um terceiro ruim. Essa é a reflexão que se faz e que tornou-se a mais temerosa mensurada pela cúpula do Morro dos Ventos. Só não há como desprezar a tática de Lermen em gerar crises para depois arrumar o tabuleiro a seu favor. A ver.