Day After do golpe

Como vem se acompanhando, não é novidade que o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) quer promover uma ruptura institucional. Desde quando assumiu o cargo que hoje ocupa, sempre produziu narrativas que fomentaram o confronto com os outros dois Poderes (Legislativo e Judiciário). O que o mandatário da nação quer é o que chamo de “Terraplanismo Institucional”, ou seja, manter o regime democrático, mas só com a atuação do Executivo, ou a submissão dos outros Poderes a este.

Como se diz por ai no meio militar: “dar golpe de Estado é fácil, difícil e mantê-lo”. Essa frase é, de fato, a pura realidade. Se Bolsonaro fechar mesmo acordo com os comandantes das Forças Armadas (FFAA) e resolver fechar o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional, pode fazer isso, sem maiores esforços, caso tenha apoio das Forças de Segurança nos diversos níveis.

O Bolsonarismo, por exemplo, já é uma realidade dentro dos quarteis. As Polícias Militar e Civil, em ampla maioria, apoiam o atual presidente. Se as FFAA atuarem pela ruptura democrática, as polícias estaduais deverão acompanhar. Possivelmente em até três dias, tanques e militares ocuparão as ruas das principais cidades brasileiras. Golpe consolidado. Os militares retornarão no poder, depois 36 anos.

A pergunta central e que desencadeou esse artigo, é: e depois do golpe? O que acontecerá depois que os militares implementarem uma ditadura, derrubando o regime democrático? Depois disso, o governo conseguirá, enfim, sem oposição, desenvolver o país? Retomará com o crescimento econômico, mesmo com a ampla maioria dos países cortando relações diplomáticas com o Brasil?

Como ficaria a relação do Brasil sob ditadura com o mundo? As principais potências globais irão chancelar tal ação do governo brasileiro? Como ficaria, por exemplo, os contratos, o mercado financeiro, seriam mantidos em um país em total desordem institucional? Os investidores manteriam aqui seus investimentos? E os novos fariam nesta condição de golpe?

Diferente de 1964, quando havia Guerra Fria, em que um golpe de Estado e consequente implantação de um regime de exceção, era apoiado porque representava interesses de um grupo, naquele caso, dos Estados Unidos, pois o golpe de 1964, ocorreu – na visão dos militares – para livrar o Brasil do perigo comunista.

E hoje, em 2021, de qual risco comunista estamos falando? O Brasil está sob risco de se tornar uma nação comunista? Claro que não. Essa afirmação sustentada pelos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro é apenas uma das dezenas de narrativas que não fazem sentido algum. Servem apenas para manter em movimento a militância e sua distopia.

A aventura golpista de Bolsonaro está servindo, por ora, para expor ao ridículo as Forças Armadas do país. O desfile militar em Brasília realizado no último dia 10, é um exemplo disso. Dar um golpe e implementar uma ditadura, não é tão difícil quando se tem apoio da ampla maioria dos componentes das forças de segurança do país, todavia, a questão central é: como manter esse novo regime em um período de globalização, em que os conflitos ideológicos não possuem a mesma importância de antes? Manter uma ditadura no Brasil é outra história e Bolsonaro sabe disso. Se a ruptura institucional ocorrer, o caminho será o isolamento e inúmeras sanções internacionais. O resto é blefe bolsonarista. A ver.

Henrique Branco

Formado em Geografia, professor das redes de ensino particular e pública de Parauapebas, pós-graduado em Geografia da Amazônia e Assessoria de Comunicação. Autor de artigos e colunas em diversos jornais e sites.

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