A últimas pesquisas eleitorais divulgadas sobre a corrida presidencial, dão conta de algo, atualmente, incontestável: o crescimento do apoio ao presidente Jair Bolsonaro, do PL. Os mais recentes levantamentos apontam que a diferença entre o ex-presidente Lula (PT) e o atual mandatário, varia entre cinco a sete pontos a favor do petista. Já foi – nessas mesmas pesquisas – bem maior. O crescimento de Bolsonaro era algo esperado pelos mais atentos. Lula atingiu o seu teto, ou, pelo menos, está beirando esse limite. Por outro lado, presidente ainda apresenta margem de crescimento.
Bolsonaro tem a máquina federal que faz uma diferença enorme. Perdeu eleitores, mas ainda mantém uma ampla margem fiel ao seu projeto de poder, algo em torno de 25% do eleitorado. O que se soma a isso atualmente, justamente o crescimento que as pesquisas apresentam, é a soma de apoiadores do ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil) e de outros pré-candidatos, que acabaram por migrar novamente ao reduto bolsonarista. Seriam, digamos, ex-arrependidos ou insatisfeitos, que mesmo na condição de não concordância com o atual governo, prefere mantê-lo no poder do que o retorno do PT.
Todavia, há outro fator que anda pesando contra o Partido dos Trabalhadores e que vem ajudando Bolsonaro: os deslizes narrativos de Lula. O ex-presidente vem pisando em “casca de banana” ao tratar de alguns temas. Segurança pública, aborto, liberdade, estão na lista das “escorregadas” lulista. De forma reservada, aliados avaliam que as declarações foram fruto de excesso de confiança, com a possibilidade de vitória em primeiro turno.
Desde quando decidiu concorrer novamente à Presidência da República, Lula – via PT – vem buscando reconstruir pontes que foram destruídas com diversos setores da sociedade, como, por exemplo, os evangélicos, o que remonta a questão do debate sobre o aborto. Outro segmento que os petistas tentam se aproximar diz respeito à segurança pública, tema que o ex-presidente na semana passada voltou a emitir comentário que levanta polêmica.
Ontem, 01, em evento das Centrais Trabalhistas, em comemoração ao Dia do Trabalhador, Lula iniciou o seu discurso pedido desculpas aos policiais. Outro comentário que, digamos, pegou mal a um pré-candidato foi afirmar que os militares que hoje estão no governo Bolsonaro, que segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), passam de 6200, voltarão aos quarteis em um futuro governo petista.
Lula, como se diz no jargão popular é um político “azeitado”, ou seja, experiente. Não deveria, por exemplo, promover certos deslizes em discursos, fortalecendo o seu principal adversário que cresce nas pesquisas e tende a manter a sua curva de crescimento. Há certa tensão interna no PT, que inclusive quer adiantar a pré-campanha de rua, para movimentar a militância e apoiadores.
Imagem: O Globo.