“Geladeira” como resposta

Dias após o resultado da eleição de primeiro turno presidencial, em que Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT) foram ao segundo turno, o governador então reeleito, Helder Barbalho (MDB), convocou prefeitos, vereadores, deputados, lideranças políticas para um almoço em um hotel em Belém. No cardápio estava: apoiar condicionalmente o petista.

Helder precisava “entregar” não só a vitória nas urnas a Lula, mas garantir uma votação expressiva, mantendo uma boa margem de votos em relação a Bolsonaro. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Lula venceu em 103 dos 144 munícios paraenses. Menor do que no primeiro turno em que venceu em 107 municipalidades. No geral, o petista obteve 2.509.084 (54,75%) dos votos dos paraenses, contra 2.073.895 (45,25%) recebidos pelo atual presidente, Jair Bolsonaro (PL). Em relação ao primeiro turno, Lula cresceu 2,67% no Pará, conquistando 65.354 novos votos no pleito decisivo.

Em linhas gerais, Helder entregou o que havia prometido ao presidente eleito. Todavia, ocorreram alguns descumprimentos como, por exemplo, a do ex-prefeito de Canaã dos Carajás, Jeová Andrade, do MDB, que não seguiu as determinações do governador e apoiou a candidatura de Bolsonaro. Vale lembrar que o citado município é extremamente bolsonarista. Dados divulgados pelo Blog do Branco, tendo como base os balanços do TSE, apontaram que Lula perdeu em todos os bairros da Terra Prometida.

Jeová é o primeiro suplente do MDB por ter conseguido 45.697 votos. Portanto, para assumir uma cadeira na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) basta um dos 13 deputados do partido se licenciar do cargo, por exemplo, assumir uma secretaria no governo. A esperança do ex-prefeito de Canaã era que o segundo mais votado da Casa, Iran Lima, que foi secretário em duas pastas na gestão passada, pudesse retornar ao governo, abrindo, portanto, a vaga.

Todavia, informações de bastidores que chegavam ao Blog, seguiam na mesma direção: Helder iria manter por um bom tempo Jeová na “geladeira”, em represária a atitude do mesmo na eleição. Sendo assim, não se abriria uma vaga na bancada do partido na Alepa. Ontem, 01, Iran Lima foi anunciado como o líder do governo no parlamento estadual, o que, por enquanto, sepulta a pretensão de Jeová em assumir a suplência.

Mudanças em Canaã 

Na semana passada, o Diário Oficial anunciou diversas mudanças na gestão da prefeita Josemira Gadelha (MDB). A maioria dos novos secretários municipais eram de fora, e alguns que saíram tinham ligação direta com o ex-gestor canaãnense. Conforme o Blog do Brando adiantou diversas vezes, a relação entre os referidos (com analogia à obra o Criador x Criatura). Ambos estão rompidos politicamente. O que se fala é que o governador vem apoiando Gadelha em detrimento a Andrade.

Saída do MDB e candidatura 

A cada dia ganha força pelas ruas de Canaã dos Carajás a tese de que Jeová Andrade poderá deixar o MDB, caso não assuma o mandato de estadual, e se filiar ao PL, com a possibilidade de lançar a sua esposa Waina Andrade, para prefeita em 2024, concorrendo com Gadelha.

Helder Barbalho acompanha tudo e sabe que não seria interessante perder Jeová para o lado oposicionista. O que se espera do governador é deixar a “corda tensionada” até o limite, mas evitando rompê-la. Por enquanto a “geladeira” é didático, mas deverá ter prazo de existência, pois 2024 é logo ali.

Imagem: reprodução Internet. 

Henrique Branco

Formado em Geografia, professor das redes de ensino particular e pública de Parauapebas, pós-graduado em Geografia da Amazônia e Assessoria de Comunicação. Autor de artigos e colunas em diversos jornais e sites.

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