O termo narcisismo provém da Mitologia Grega, que narra a história de Narciso, um jovem muito bonito que desprezou o amor da ninfa Eco e por isso foi condenado a apaixonar-se por sua própria imagem espelhada na água. Este amor impossível levou Narciso à morte, afogado em seu reflexo. O narcisismo, portanto, retrata a tendência do indivíduo de alimentar uma paixão por si mesmo. Segundo Freud, isso acontece com todos até um certo ponto, a partir do qual deixa de ser saudável e se torna doentio, conforme os parâmetros psicológicos e psiquiátricos.
O egocentrismo vem do ego latino, que significa “eu” e o centro e é definido como esse traço de personalidade que possuem aqueles que exaltam de forma exagerada personalidade própria, então eles consideram que este deve ser colocado no centro de toda atividade ou ideia. Egocêntrico não só acreditam que eles são o centro de tudo, mas ele posicionou-se como algo mais importante do que o resto das pessoas. Tendem a pensar para os outros e acreditam que o que decidir, dizer, pensam ou ordenado tem uma importância maior do que a opinião dos outros, e o que se opõe a você é rejeitado.
Os dois parágrafos acima são dois conceitos sobre a personalidade humana. O narcisismo e o egocentrismo, ambos resumem e se enquadram bem à personalidade de Neymar Júnior, que é, indiscutivelmente, um craque. Nem precisa deixar claro isso. Um jogador acima da média. O melhor que apareceu no futebol brasileiro na última década. Como é sabido, tem total capacidade de ser o melhor do mundo, o artilheiro da Copa do Mundo, mas, pelo visto, essas conquistas tendem a ficar pelo caminho. Neymar se autossabota. Nunca foi um atleta na concepção mais restrita do termo. Sempre deixou claro que nunca iria abrir mão de suas noitadas, festas. É um direito dele. Tem noção o quanto custa isso para o desempenho de um atleta de alto nível. Seu futebol vem passando por transformações nos últimos anos. Vem atuando mais recuado, na intermediária, muitas vezes armando jogadas que, por sua habilidade, torna-se fácil desmontar esquemas táticos dos adversário.
Antes, Neymar jogava para si. Hoje, aprendeu a jogar mais coletivamente, mesmo ainda produzindo jogadas em que é parado por falta, por prender excessivamente a bola, não passando para companheiros em melhores condições em campo. Neymar fez uma opção em sua carreira: continuar jogando, mas não em nível que possa lhe levar a ser o melhor do mundo. Por isso, e não, por acaso, vem afirmando que a Copa no Catar, poderá ser a sua última. Na próxima, em 2026, o “menino Ney” terá 34 anos. Tendo como referência à sua contínua queda de desempenho, possa ser a sua última mesmo.
Aqui, neste Blog, já escrevi textos sobre o referido jogador. Quase sempre com abordagens negativas sobre sua atuação fora de campo. Já o descrevi como o “narcisista de Mogi das Cruzes”, sua cidade natal, situada no interior de São Paulo. Portanto, a declaração de voto de Neymar (a mais nova polêmica que o envolve) nunca foi motivo para as minhas críticas. As faço há muito tempo. Seu voto não me interessa. Até acho coerente a sua escolha política.
Há muito tempo deixei de torcer por Neymar. O meu desgostar dele nunca me deu o direito de torcer para que tenha uma contusão que o faça deixar temporariamente de jogar bola. Por exemplo, agora, torço pelo seu pronto restabelecimento, para que possa voltar a jogar bola. Não sou obrigado a gostar do Neymar, assim como como ninguém de mim.
O seu histórico enquanto jogador profissional é cercado de exemplos negativos fora de campo (mas que influenciam diretamente dentro das quatro linhas). O estilo “mimado” o acompanha desde a época que ascendeu ao time profissional do Santos. Como esquecer as sucessivas confusões que armou? A falta de respeito aos técnicos que teve; a assinatura de um pré-contrato às escuras com o Barcelona; jogar a final do Mundial de Clubes pelo Santos, sendo jogador do time catalão, é eticamente correto? Assim como os diversos processos que respondeu junto aos fiscos brasileiro e espanhol, que o acusaram de sonegar milhões em impostos. Portanto, fora de campo, Neymar não é exemplo a ninguém.
Neymar com o seu egocentrismo e narcisismo exacerbado está sabotando a si próprio. Incorporou uma postura popstar que o deixa cada vez mais longe de ser o melhor do mundo. Tem talento para ser, mas a exaltação exagerada da própria imagem, do próprio ser, poderá, quem sabe, encurtar a carreira de um dos maiores craques que o Brasil produziu, e que não consegue caber em si mesmo. Precisa viver o mundo real, sair da sua “bolha” mantida por seu staff intransponível e seus “parças”, que nada mais é do que um grupo fisiológico que lhe segue, ou melhor, é mantido pelo jogador para massagear o seu ego. Neymar poderá reproduzir o que nos diz a mitologia grega: de Narciso ter se afogado em seu próprio reflexo? A sua síndrome de Peter Pan se manterá até quando? Um documentário feito por uma plataforma streaming mostrou o quanto vive em uma bolha.
Em resumo, Neymar é um grande desperdício em si mesmo.
Imagem: reprodução Internet.