O narcisista de Mogi das Cruzes

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O termo narcisismo provém da Mitologia Grega, que narra a história de Narciso, um jovem muito bonito que desprezou o amor da ninfa Eco e por isso foi condenado a apaixonar-se por sua própria imagem espelhada na água. Este amor impossível levou Narciso à morte, afogado em seu reflexo. O narcisismo, portanto, retrata a tendência do indivíduo de alimentar uma paixão por si mesmo. Segundo Freud, isso acontece com todos até um certo ponto, a partir do qual deixa de ser saudável e se torna doentio, conforme os parâmetros psicológicos e psiquiátricos.

O egocentrismo vem do ego latino, que significa “eu” e o centro e é definido como esse traço de personalidade que possuem aqueles que exaltam de forma exagerada personalidade própria, então eles consideram que este deve ser colocado no centro de toda atividade ou ideia. Egocêntrico não só acreditam que eles são o centro de tudo, mas ele posicionou-se como algo mais importante do que o resto das pessoas. Tendem a pensar para os outros e acreditam que o que decidir, dizer, pensam ou ordenado tem uma importância maior do que a opinião dos outros, e o que se opõe a você é rejeitado.

Os dois parágrafos acima são dois conceitos sobre a personalidade humana. O narcisismo e o egocentrismo, ambos resumem e se enquadram bem à personalidade de Neymar Júnior. O jogador brasileiro foi considerado nos dois últimos anos como o terceiro melhor do planeta, atrás de Cristiano Ronaldo e Leonel Messi. Seu talento é algo fabuloso. Só não se tornou o melhor do mundo porque em sua geração há um português e um argentino que são considerados seres de outro planeta quando se fala em futebol. Mas Neymar terá chance de chegar ao topo, até pela idade em comparação com os citados. A questão é saber até que ponto a sua personalidade poderá sabotá-lo?

O seu histórico enquanto jogador profissional é cercado de exemplos negativos fora de campo (mas que influenciam diretamente dentro das quatro linhas). O estilo “mimado” o acompanha desde a época que ascendeu ao time profissional do Santos. Como esquecer as sucessivas confusões que armou? A falta de respeito aos técnicos que teve; a assinatura de um pré-contrato às escuras com o Barcelona; jogar a final do Mundial de Clubes pelo Santos, sendo jogador do time catalão, é eticamente correto? Assim como os diversos processos que responde junto aos fiscos brasileiro e espanhol, acusado de sonegar milhões em impostos. Portanto, fora de campo, Neymar não é exemplo a ninguém.

Foi a Barcelona (seu clube de coração) para ser uma estrela mundial. Logo percebeu que não seria o melhor do mundo e nem o líder na Catalunha. O time é todo voltado para a sua estrela maior: Leonel Messi. Por isso, quando teve oportunidade, saiu. Foi buscar o seu espaço próprio, fora da Espanha e em um time que pudesse liderar. O PSG parecia perfeito. No time da capital francesa, Neymar seria o líder natural, o melhor, apesar de no Parque dos Príncipes ter um ótimo atacante, adorado pela torcida, o uruguaio Edinson Cavani. Se não fosse o seu egocentrismo, Neymar naturalmente e por seu talento com a bola, iria ser o destaque no time francês. Mas não soube esperar para que o processo ocorresse naturalmente.

Entre as quatro linhas, a cada ano, parece querer diminuir o próprio futebol. Brigou publicamente com o uruguaio por situações infantis, novamente o seu egocentrismo o dominando. Irá retornar ao PSG sem o brilho que esperava conseguir na Copa. Pelo contrário. Saiu menor do que entrou na Copa do Mundo. Mesmo que se leve em consideração pelo seu baixo desempenho a cirurgia no seu quinto metatarso, o tempo parado; a sua atuação muito mais teatral e menos futebolística, foi o retrato do seu desempenho em solo russo.

Neymar que sonhou que poderia em 2018 ser o melhor do mundo e que a Copa seria a sua vitrine, poderá acabar o ano fora da lista dos três melhores concorrentes à Bola de Ouro. Seu estilo teatral em campo, de simular faltas, de ser acrobático ao receber um toque do adversário já virou motivo de piada, de chacota na imprensa mundial. O que no Brasil pode ser visto como esperteza, na Europa é algo altamente reprovável, desleal, trapaça.

Neymar com o seu egocentrismo e narcisismo exacerbado está sabotando a si próprio. Incorporou uma postura pop-star que o deixa cada vez mais longe de ser o melhor do mundo. Tem talento para ser, mas a exaltação exagerada da própria imagem, do próprio ser, poderá, quem sabe, encurtar a carreira de um dos maiores craques que o Brasil produziu, e que não consegue caber em si mesmo. Precisa viver o mundo real, sair da sua “bolha” mantida por seu staff intransponível e seus “parças”, que nada mais é do que um grupo fisiológico que lhe segue, ou melhor, é mantido pelo jogador para massagear o seu ego. Neymar poderá reproduzir o que nos diz a mitologia grega: de Narciso ter se afogado em seu próprio reflexo?

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