Com a definição do Partido dos Trabalhadores em apoiar a reeleição do governador Helder Barbalho (MDB), existia uma pendência interna a ser resolvida: candidatura ao Senado Federal. Paulo Rocha atualmente está em seu último ano de seu mandato de senador, conquistado na eleição de 2014 e gostaria de disputar a reeleição.
Todavia, já havia certo desgaste entre Rocha e o próprio PT paraense. A tendência do citado parlamentar, a Unidade na Luta, a maior do partido no Pará, vem sistematicamente perdendo força política, por pura falta de representação política. Apesar de ter um senador da República, o mandato de Paulo Rocha é considerado por muitos como apagado.
Por outro lado, a tendência Articulação Socialista (AS) que no Pará é comandada pelo deputado federal Beto Faro, que se tornou presidente estadual do PT, vem crescendo e hoje controla o partido. A AS conta ainda com dois deputados estaduais (Carlos Bordalo e Dilvanda Faro).
Portanto, inevitavelmente, Faro iria requerer maior presença política. Não, por acaso, colocou seu nome como pré-candidato ao Senado, sendo escolhido internamente. A Paulo Rocha restaria dois caminhos: reconhecer a derrota e analisar uma candidatura a deputado federal ou “bater o pé” e levar sua pretensão de reeleição ao ex-presidente Lula. Internamente se cogitou a segunda possibilidade. Não chega a ser surpresa que o ex-mandatário nacional tem uma relação muito estreita com o senador petista. Lula poderá repetir a intervenção que fez no passado, fazendo valer a sua vontade pessoal neste caso?
Como política é uma escada, com a vaga aberta para deputado federal com a candidatura de Faro ao Senado, Bordalo ou Dilvanda devem disputar – caso se confirme a candidatura em questão à Câmara Alta – a cadeira.
Apoio a Helder
Beto e Dilvanda desde o início da gestão de Helder Barbalho (MDB), sempre se mostraram apoiadores de primeira hora do governador, em Brasília e na Assembleia Legislativa. Carlos Bordalo, apesar de compor a base governista na Alepa e ser da mesma tendência dos citados, mantém apoio à gestão estadual de forma contida, sem muita exposição.
Beto vem, em etapas, colocando o seu projeto de poder em prática. Primeiro, era ter o controle do partido. Segundo, era ser escolhido como candidato ao Senado Federal (o que se tornou mais fácil ao ter conseguido o comando da legenda) e por último (processo ainda em construção) ser o candidato do governador. Na concorrência do apoio do mandatário estadual está o ex-prefeito de Ananindeua, Manoel Pioneiro (a quem o que parece Helder prometeu apoio).
De todo modo, o PT paraense resolveu ao que parece ser o seu maior imbróglio interno para as eleições de 2022. Para que o partido possa manter a sua relevância no Pará, é fundamental manter cadeira no Senado e, pelo menos, as duas que possui na Câmara Federal.