Vale deixa de ser a empresa mais valiosa da América Latina

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O colapso dos preços do minério de ferro encolheu em cerca de US$ 40 bilhões o valor de mercado da Vale, que perdeu o posto de empresa mais valiosa da América Latina. Nesta segunda-feira (20), sofreu mais uma vez com o tombo do ferro, quando este recuou 8,8% no porto de Qingdao. Já a gigante do comércio eletrônico, o Mercado Livre conseguiu conquistar um belo avanço em meio a crise.

Com a desvalorização de 32% da ação da Vale em relação à máxima no fim de julho em dólar, a mineradora agora está atrás do Mercado Livre, gigante de comércio eletrônico atualmente avaliada em US$ 90 bilhões, após o forte desempenho do seu negócio fintech no último trimestre.

A mudança no ranking – com uma plataforma da nova economia assumindo o primeiro lugar de uma produtora de matérias-primas de 79 anos – pode se consolidar em meio aos esforços da China para despoluir o setor industrial, que empurraram o minério de ferro abaixo de US$ 100 a tonelada.

Na semana passada, o UBS anunciou um duplo rebaixamento de recomendação para os ADRs da Vale, de compra para venda, enquanto o Bradesco BBI vê riscos em um ambiente volátil para os preços das commodities com tendência baixista. Se o minério de ferro for negociado a US$ 90 em média no próximo ano, o Ebitda da Vale pode ficar abaixo da estimativa de consenso para 2022 em 38%.

O impacto na Vale poderia ser ainda pior se a mineradora não tivesse anunciado US$ 13,8 bilhões em remuneração aos acionistas até agora neste ano. Com esse grande recuo da empresa brasileira, o seu valor caiu para  US$ 81 bilhões, contra US$ 93 bilhões do Mercado Livre, de acordo com dados da consultoria Economatica.

Todavia, as grandes mineradoras estão protegidas contra queda do minério de ferro. Uma alta no preço do minério de ferro no início deste ano gerou conversas no mercado sobre a possibilidade de início de um superciclo, com um longo período de demanda por commodities. O minério de ferro teve a sua cotação reduzida em quase 20% na semana passada, e recuou mais da metade dos ganhos obtidos nos últimos dois meses.

Tudo está centralizado no mercado chinês, que no último mês, viu o governo implementar medidas para despoluir o setor industrial, o que vem provocando queda vertiginosa do preço do minério de ferro. Os futuros se desvalorizaram mais de 50% desde o pico em maio diante das restrições ao aço na China, maior produtora mundial, para cumprir a meta de volumes mais baixos este ano. O desaquecimento do setor imobiliário chinês também afeta a demanda.

Para completar o cenário de incertezas, esta semana foi divulgado a crise da incorporadora chinesa Evergrande, que derrubou as Bolsas de Valores, e contribuiu para a volatilidade de curto prazo, mas dependendo da forma como os problemas da empresa forem enfrentados pelo governo chinês os efeitos sobre a indústria de mineração e siderurgia podem ser minimizados.

Enquanto isso, Parauapebas, via Vale, aguarda cenas do próximo capítulo.

Com informações da BMC News – Adaptado pelo Blog do Branco.

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